|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPINIÃO
Ativos pelo social
CARLOS AUGUSTO MEINBERG
Securitizar é a forma moderna
de captar recursos para atividades
específicas, transformando em valores imediatamente disponíveis
ativos que só se transformariam
em moeda num prazo futuro.
No Estado de São Paulo, o governo Covas criou a CPA (Companhia Paulista de Ativos), que pretende resolver as dívidas com empreiteiras por meio da emissão de
títulos e da sua colocação (debêntures), permutando-os por aqueles débitos.
Esses títulos públicos, nesse projeto, deverão ser resgatados no futuro com recursos gerados por
amplo programa estadual de privatização, que, aos poucos, vem se
definindo, embora ainda não o tenhamos totalmente transparente.
Outros Estados já usaram a fórmula, como Rio Grande do Sul e
Minas. Ela foi apresentada primeiramente no projeto de lei nš 568,
enviado à Assembléia Legislativa
em 1994, que sugeria a criação de
empresa de securitização para resolver, naquela época, a questão
das dívidas mobiliárias do Estado
no Banespa e na Nossa Caixa.
No âmbito da Prefeitura de São
Paulo, pretende-se criar a Companhia Municipal de Ativos, que receberá ativos imobilizados da municipalidade, passíveis de venda
por não integrar o rol dos que servem à comunidade -portanto,
desnecessários.
É uma forma de privatizar aquilo
que a prefeitura possui, mas de
que não necessita, carreando recursos para atividades mais necessárias. A empresa também se incumbirá de receber as multas de
trânsito no âmbito do município.
Com base nos valores médios de
multas recebidos nos últimos anos
(R$ 160 milhões por ano) e nos valores a receber pela venda dos
imóveis, a prefeitura emitirá títulos a ser colocados no mercado de
capitais, de acordo com a lei e a
prática comuns a empresas brasileiras públicas e privadas.
Os valores produzidos pelo lastro das multas serão, também
conforme a legislação, investidos
em sistemas de interesse da sociedade, voltados para o trânsito.
Os recursos gerados com o lastro
de imóveis serão usados em obras
de interesse da cidade, substituindo o inútil pelo útil. Contribuirão,
ainda, para melhorar o equilíbrio
das finanças do município. Em lugar de se endividar, a prefeitura
quitará passivos -não só os da
contabilidade pública, mas principalmente aquele que não aparece
nos balancetes, embora seja o de
maior importância na vida dos
paulistanos: a dívida social.
Não se trata de emitir títulos a
descoberto sem valores a receber,
seja de multas, seja de imóveis. Os
valores dos títulos no seu resgate
ou no vencimento serão estabelecidos dentro do período deste governo municipal. A colocação dos
títulos será feita em leilões públicos, por meio das Bolsas de Valores, com total transparência.
A prefeitura tem sido criticada
por problemas de falta de recursos, que, no entanto, atingem todas as administrações públicas do
país, particularmente as municipais. Na hora em que a municipalidade propõe uma solução tecnicamente correta, similar à de outros governos, é questionada por
isso. Não é estranho?
Carlos Augusto Meinberg, 51, é presidente da
Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|