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INFÂNCIA
Ministro apresentará, em encontro em Nova York, relatório que mostra que o Brasil só cumpriu 18 das 27 metas estabelecidas
Juro alto prejudica ações, diz Paulo Renato
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Ao divulgar que o governo deixou de cumprir 18 das 27 metas
estabelecidas em 1990 pela Cúpula Mundial da Infância, encontro
realizado pela Organização das
Nações Unidas (ONU) cuja nova
versão começou ontem em Nova
York, o ministro da Educação,
Paulo Renato, criticou os juros altos da economia brasileira.
"Reduzir os juros é um dos
principais desafios que nós temos
hoje pela frente, para fazer a economia crescer a taxas mais rápidas e portanto gerar mais riquezas e poder ter políticas mais adequadas inclusive de empregos",
disse o ministro, que chefia a delegação do país para o evento da
ONU, agora batizado de Sessão
Especial em Favor da Infância e
realizado pela Assembléia Geral.
"Isso não significa que seja possível uma política de redução de
juros por vontade apenas do governo", ressaltou. "São condições
do funcionamento da economia
que determinam uma determinada estrutura de juros".
Das 27 metas estabelecidas em
1990, o Brasil cumpriu plenamente apenas nove delas, parcialmente outras 11 e pelo menos quatro
não puderam ser avaliadas por
falta de dados para comparação.
"Registramos avanços importantes nas áreas de educação, saúde e
legislação na última década", disse Paulo Renato.
Entre os pontos positivos de seu
relatório, que apresenta na tarde
de hoje na sede da ONU, o ministro ressaltou a redução da mortalidade infantil e o acesso à educação básica. A meta de 1990 neste
quesito era um índice de 85% de
atendimento para crianças entre 7
e 10 anos; em 1999, o Brasil contava com índice de 96%.
Já entre os objetivos não atingidos desponta a falha na redução
do analfabetismo no país, que deveria ter caído 50% no período:
em 1991, 20,1% da população brasileira de 15 anos ou mais não sabia ler; em 2000, a porcentagem
baixou para 13,5%, uma redução
de apenas cerca de um terço.
O mesmo ocorreu com a taxa de
mortalidade no parto, que deveria
ter baixado em proporção idêntica: em 1990, o número brasileiro
era 47,7 mortes por 100 mil nascidos vivos; em 1999, pulou para
55,7 mortes/100 mil. Ressalve-se
que nenhum dos 160 países participantes atingiu a meta.
Explicações
Desde ontem de manhã, cerca
de 60 presidentes e primeiros-ministros e dezenas de ministros de
180 países tentam explicar na sessão especial da Assembléia Geral
por que não conseguiram cumprir a principal meta estabelecida
na Cúpula Mundial da Infância.
Segundo o acordo assinado então, os países ricos tinham dez
anos para destinar 0,7% de seu
PIB para a saúde e a educação dos
países pobres, o que não aconteceu. Estes, por sua vez, deveriam
gastar 20% de seus orçamentos
anuais com o bem-estar social. A
média, porém, é de 14%, de acordo com os dados da entidade.
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