São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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INFÂNCIA

Ministro apresentará, em encontro em Nova York, relatório que mostra que o Brasil só cumpriu 18 das 27 metas estabelecidas

Juro alto prejudica ações, diz Paulo Renato

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Ao divulgar que o governo deixou de cumprir 18 das 27 metas estabelecidas em 1990 pela Cúpula Mundial da Infância, encontro realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) cuja nova versão começou ontem em Nova York, o ministro da Educação, Paulo Renato, criticou os juros altos da economia brasileira.
"Reduzir os juros é um dos principais desafios que nós temos hoje pela frente, para fazer a economia crescer a taxas mais rápidas e portanto gerar mais riquezas e poder ter políticas mais adequadas inclusive de empregos", disse o ministro, que chefia a delegação do país para o evento da ONU, agora batizado de Sessão Especial em Favor da Infância e realizado pela Assembléia Geral.
"Isso não significa que seja possível uma política de redução de juros por vontade apenas do governo", ressaltou. "São condições do funcionamento da economia que determinam uma determinada estrutura de juros".
Das 27 metas estabelecidas em 1990, o Brasil cumpriu plenamente apenas nove delas, parcialmente outras 11 e pelo menos quatro não puderam ser avaliadas por falta de dados para comparação. "Registramos avanços importantes nas áreas de educação, saúde e legislação na última década", disse Paulo Renato.
Entre os pontos positivos de seu relatório, que apresenta na tarde de hoje na sede da ONU, o ministro ressaltou a redução da mortalidade infantil e o acesso à educação básica. A meta de 1990 neste quesito era um índice de 85% de atendimento para crianças entre 7 e 10 anos; em 1999, o Brasil contava com índice de 96%.
Já entre os objetivos não atingidos desponta a falha na redução do analfabetismo no país, que deveria ter caído 50% no período: em 1991, 20,1% da população brasileira de 15 anos ou mais não sabia ler; em 2000, a porcentagem baixou para 13,5%, uma redução de apenas cerca de um terço.
O mesmo ocorreu com a taxa de mortalidade no parto, que deveria ter baixado em proporção idêntica: em 1990, o número brasileiro era 47,7 mortes por 100 mil nascidos vivos; em 1999, pulou para 55,7 mortes/100 mil. Ressalve-se que nenhum dos 160 países participantes atingiu a meta.

Explicações
Desde ontem de manhã, cerca de 60 presidentes e primeiros-ministros e dezenas de ministros de 180 países tentam explicar na sessão especial da Assembléia Geral por que não conseguiram cumprir a principal meta estabelecida na Cúpula Mundial da Infância.
Segundo o acordo assinado então, os países ricos tinham dez anos para destinar 0,7% de seu PIB para a saúde e a educação dos países pobres, o que não aconteceu. Estes, por sua vez, deveriam gastar 20% de seus orçamentos anuais com o bem-estar social. A média, porém, é de 14%, de acordo com os dados da entidade.



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