São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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VIOLÊNCIA


Número de casos no primeiro trimestre na região é próximo das 23 mortes registradas nas demais seis áreas administrativas

Polícia de Campinas matou 22 neste ano

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Os policiais civis e militares da região de Campinas (95 km de São Paulo) mataram, no primeiro trimestre deste ano, quase o mesmo número de pessoas que os de todas as outras regiões do interior paulista -foram 22 mortes contra 23 registradas nas demais seis áreas administrativas da polícia.
É o que revela o mais recente relatório sobre violência policial divulgado pela Ouvidoria das Polícias de São Paulo.
Os casos da região envolvem policiais subordinados à área do Deinter-2 (Departamento de Polícia Judiciária-2) e do CPI-2 (Comando do Policiamento do Interior), que abrange 90 cidades.
"A polícia de Campinas há tempos vive uma situação complicada. O problema do uso da força letal por parte de policiais na região não é novo", disse o ouvidor do Estado, Fermino Fecchio Filho.
A explosão da violência policial na região é constatada em um momento em que Campinas é atingida pelos maiores índices de criminalidade da sua história. No ano passado, 609 pessoas foram mortas nas ruas da cidade. Em 2000, foram 536.
Pelos dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública, a região administrativa da polícia de Campinas é, além da mais violenta, também a mais populosa do interior, com 5,3 milhões de habitantes. Nas seis demais áreas, que totalizam 516 municípios, moram cerca de 13 milhões de habitantes.
Apesar de mais populosa, a região de Campinas possui o menor número de policiais por grupo de 100 mil habitantes do interior.
O relatório da Ouvidoria também aponta que as 22 vítimas da polícia da região de Campinas no primeiro trimestre de 2002 correspondem à metade (44,8%) das 49 pessoas mortas em 2001.
Como os homicídios cometidos por policiais só começaram a ser informados oficialmente à Ouvidoria pela polícia na segunda metade do ano passado, não é possível comparar com os dados dos primeiros três meses de 2001.

Outro lado
"Normalmente as mortes provocadas por policiais acontecem em confronto com ladrões. É um problema de autodefesa, não de má conduta", disse o diretor do Deinter-2, Laerte Goffi Macedo.
Ninguém do comando da PM foi encontrado pela Folha para comentar o assunto ontem.
A Secretaria da Segurança Pública informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os dados da Ouvidoria diferem dos coletados pelo órgão. Oficialmente, segundo o governo estadual, foram 20 mortes na região.
De acordo com a secretaria, o número corresponde a 3,6 mortes por milhão de habitantes. Na área de Santos, esse índice seria de 3,4 mortes por milhão de pessoas.



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