São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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Apuração sobre Celsinho está parada há 1 mês

MARIO HUGO MONKEN
SABRINA PETRY

DA SUCURSAL DO RIO

As investigações sobre o suposto envolvimento de policiais civis e militares com o traficante Celso Luís Rodrigues, 40, o Celsinho da Vila Vintém, estão paradas há cerca de um mês.
A apuração foi interrompida porque a Corregedoria de Polícia Unificada da Secretaria Estadual da Segurança Pública, que centralizou as investigações, está sem comando desde o fim do governo de Anthony Garotinho (PSB), que deixou o cargo no início de abril para disputar a Presidência.
O secretário estadual da Segurança Pública, Roberto Aguiar, disse que o fato de a corregedoria estar sem comando não atrapalha as investigações. Segundo ele, a DRE (Divisão de Entorpecentes da Polícia Civil) está encarregada de apurar as ligações de Celsinho.
O problema é que a corregedoria é o órgão encarregado de investigar a vinculação de Celsinho com policiais, principalmente militares, que lhe dão segurança e repassam informações reservadas sobre incursões nas favelas dominadas pelo traficante.
A promotora Valéria Videira, da Central de Inquéritos do Ministério Público, que investiga Celsinho, confirmou que policiais faziam a segurança do traficante na zona oeste. Ela não quis revelar o nome dos envolvidos.
Celsinho da Vila Vintém foi preso anteontem por policiais da Delegacia de Roubos e Furtos em uma casa na Vila Vintém. Estava foragido desde 1998. Segundo o delegado Alcides Iantorno, o criminoso disse que continuará comandando o tráfico de dentro do presídio Bangu 1 (zona oeste), para onde foi levado.
Em abril, a então corregedora Celma Alves, exonerada pela governadora Benedita da Silva (PT), formou uma comissão para investigar a vinculação de Celsinho com policiais.
A comissão começou a funcionar após as denúncias de que quatro PMs do 14º Batalhão fizeram a segurança da festa de aniversário da filha de Celsinho. Ele teria fugido em um carro do batalhão após a chegada de policiais do Batalhão de Operações Especiais. Os suspeitos foram punidos com prisão administrativa, mas já estão soltos por falta de provas. O trabalho da comissão foi interrompido com a mudança no governo.
Um novo indício do envolvimento de PMs com o traficante está na investigação que levou à prisão de Celsinho. Segundo Iantorno, há três meses dois policiais do 14º Batalhão trocaram tiros com Marcelo Belato, o Beleléu, gerente do tráfico na Vila Vintém.
Beleléu foi achado dias depois em um hospital e reconhecido pelos PMs. Na hora do reconhecimento oficial, no entanto, eles disseram que não conheciam Beleléu, que foi solto. "Deveria ser aberta uma investigação contra esses policiais", disse o delegado.
Segundo a chefe de investigações da DRE, Marina Maggessi, com a prisão de Celsinho Beleléu é o novo chefe do tráfico na Vila Vintém.

Policiamento reforçado
O comando da PM determinou o reforço do policiamento da Vila Vintém como forma de evitar uma guerra entre facções pelo domínio do tráfico. A quantidade de PMs não foi revelada.
Anteontem, o comandante-geral, coronel Francisco Braz, disse à Folha que ocuparia todas as entradas para impedir a invasão por quadrilhas inimigas.



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