São Paulo, segunda-feira, 09 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SISTEMA PRISIONAL

Ex-sócio de filho do governador gerencia 3 prisões e diz não ter privilégios

Ceará discute "reestatizar" prisão

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O sistema prisional no Ceará vive duas realidades opostas. Em 133 unidades do Estado vivem cerca de 7.800 presos -o limite, segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários, é de 4.300 pessoas. Mas em outros três presídios, cuja administração é terceirizada, estão 1.500 homens que não ficam em celas superlotadas e têm trabalho.
Apesar dos aparentes benefícios a esse grupo minoritário, o Conselho Penitenciário do Estado entregou ao Ministério da Justiça e ao Ministério Público um relatório em que pede a suspensão do sistema terceirizado.
O texto tem como base uma resolução do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, ligado ao Ministério da Justiça, que rejeita qualquer proposta de privatização do sistema prisional.
O relatório também questiona a contratação de uma única empresa para administrar os três presídios: a Conap. A empresa recebe os repasses por meio de uma requisição da Secretaria de Justiça, em situação emergencial, sem contrato.
Enquanto nos chamados presídios estatais, onde estão os presos considerados mais perigosos, o governo gasta, oficialmente, R$ 660 por preso, nos geridos pela Conap o valor per capita divulgado é de R$ 890. O Estado ainda paga remédios, transporte dos presos e infra-estrutura interna, entre outros.
A Conap pertence a Luiz Gastão Bittencourt, Manoel Grilo Botelho e José Manuel Cigarro. Os dois últimos eram sócios na Humanitas Administração Prisional Privada, do Paraná, contratada em 2001 pelo governo do Ceará, sem licitação, para cuidar do primeiro presídio terceirizado do Estado.
Já Bittencourt foi sócio do deputado federal Léo Alcântara (PSDB) na Serval Vigilância Ltda. e na Praia Mansa Participações e Representações. Léo é filho do governador do Ceará, Lúcio Alcântara. Bittencourt diz que a insinuação de seu beneficiamento é política, já que tinha contratos com o governo antes de Alcântara assumir.
O secretário de Justiça do Ceará, Evânio Guedes, disse que o Estado não tem outra opção para a gestão de presídios além das empresas privadas. "É inviável."

Texto Anterior: Ouvidorias estão "de mãos atadas"
Próximo Texto: Panorâmica - Violência: Quatro assaltantes são presos após manter família refém em São Bernardo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.