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Falta de policiais é maior no interior, diz associação
Dos 93.986 cargos existentes na PM paulista, apenas 88.076 estão preenchidos
Para Associação de Cabos e Soldados, o número de agentes contratados hoje
é inferior ao necessário
para o patrulhamento
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Num momento em que as estatísticas apontam crescimento da violência no Estado, o efetivo da Polícia Militar de São
Paulo tem cerca de 5.900 policiais a menos do que o número
previsto em decreto do governo
estadual. Dos 93.986 cargos
existentes, 88.076 estão preenchidos. O déficit é de 6,3%.
O comandante da PM, Álvaro
Batista Camilo, afirma que não
é possível acabar com o déficit
devido à rotatividade dos funcionários, mas que o efetivo total deve se aproximar do previsto em um ano e meio.
A diferença entre o número
de cargos e o efetivo real se dá
pelo fato de que pelo menos
2.000 policiais deixam a corporação anualmente, por motivos
variados, como aposentadoria,
ferimentos, morte, expulsão,
entre outros fatores.
O salário base de um soldado
na capital paulista hoje é de
cerca de R$ 2.200, e o de cabo,
R$ 2.500, de acordo com a assessoria da Polícia Militar.
Esses policiais só são repostos com a realização de concursos públicos -que podem levar
nove meses- e do curso de treinamento, que dura até um ano.
Depois há mais um ano de estágio probatório nas ruas.
Segundo o presidente da Associação de Cabos e Soldados
da PM, Wilson de Oliveira Morais, o número de policiais contratados hoje é inferior ao necessário para o patrulhamento.
"Temos muitos casos de batalhões com falta de efetivo. As cidades do interior são as que sofrem mais com o problema."
Segundo Morais, outra consequência da falta de efetivo é
que muitos PMs ainda têm que
fazer a "ronda solitária", ou seja, patrulhar sozinhos em um
carro policial -o que aumenta
sua vulnerabilidade.
Para Floriano de Azevedo
Marques, professor de direito
da USP, o Estado não comete
irregularidade ao deixar de
preencher todos os cargos da
PM. Ele disse, porém, que, sendo um setor sensível, esse déficit poderia ser menor.
O professor de direito constitucional André Ramos Tavares,
da PUC-SP e do Mackenzie,
concorda que deixar de preencher todos os cargos não é irregular e considera o percentual
de déficit aceitável.
Na semana passada, o governo do Estado divulgou estatísticas de criminalidade que mostram o aumento dos crimes de
roubo (19%), latrocínio, o roubo seguido de morte (36%), e
homicídio (0,7%) no primeiro
trimestre do ano em relação a
igual período do ano anterior.
Segundo o deputado Olímpio
Gomes (PV), da Comissão de
Segurança Pública da Assembleia Legislativa, o déficit de
PMs está diretamente relacionado ao aumento da criminalidade em São Paulo. "Sempre tivemos um déficit no efetivo,
mas nunca foi tão grande como
no atual governo", disse.
Já para o deputado Fernando
Capez (PSDB), que atuava como promotor público, o déficit
não influi nas estatísticas. "Não
é possível atingir o número
ideal [de efetivo] sob pena de
colocar policiais despreparados
nas ruas", disse o deputado.
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