São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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ZOFIA TOPÓR-KRYGLER (1924-2009)

A ex-combatente viu Varsóvia em chamas

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Zofia Topór-Krygler estava na casa dos 20 quando desembarcou no Brasil, em 1949. No sábado passado, aos 84, morreu após sofrer um ataque cardíaco. Era uma das últimas polonesas vivas no país a ter participado do Levante de Varsóvia, insurreição contra a invasão alemã durante a Segunda Guerra. Em casa, deixou guardada uma medalha de ex-combatente, recebida pelos serviços prestados à Polônia.
"Quando ela saiu da cidade, Varsóvia estava em chamas", conta a filha Elzbieta. Filha de um arquiteto, Zofia foi encarregada de cuidar dos feridos, pela Cruz Vermelha. Foi num campo de refugiados que reencontrou o homem que seria seu marido: Zbigniew, um químico que havia recorrido às armas frente ao domínio nazista.
Terminada a guerra, o casal não quis saber de voltar à Polônia, então submetida aos russos. Casaram, tiveram uma filha e vieram ao Brasil. "Ela se apaixonou pelo país, pelo clima e pelas praias", afirma a filha.
Aqui, o marido acabou montando uma indústria de cosméticos. Em 1980, ele morreu, aos 65, também vítima de um ataque cardíaco enquanto andava na rua. O casal teve uma filha (química) e um neto (arquiteto). "Calma", "quieta" e "muito meiga", como a descreve a filha, era cinéfila, fanática por filmes franceses. "Perdi uma grande companheira de cinema. Ficávamos até duas sessões direto", diz. A missa de sétimo dia foi ontem, em São Paulo.

obituario@grupofolha.com.br


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