da Reportagem Local

Sidney L'Abatti, 51, ex-motorista do vereador Osvaldo Enéas, afirma que o ex-administrador regional da Casa Verde Gonçalo Guimarães levava pessoalmente ao gabinete do vereador o dinheiro arrecadado ilegalmente pelos fiscais e engenheiros da regional.
Segundo L'Abatti, nos primeiros quatro meses de 97, Guimarães ia quinzenalmente ao gabinete do parlamentar para entregar o dinheiro recolhido na regional.
Em maio de 97, Enéas entregou o controle da Casa Verde para Ivo Morganti (líder do PFL) sob a promessa de que receberia o módulo 5 (Itaquera) do PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
L'Abatti afirma ter presenciado um desses repasses. Na ocasião, segundo ele, Guimarães entregou R$ 10 mil em dinheiro para o vereador. As notas, de acordo com o ex-motorista, eram visíveis e estavam presas por um elástico.
"Quando o Guimarães foi embora, ele ainda olhou para o dinheiro e disse que era melhor aquilo do que nada", afirmou L'Abatti. De acordo com o denunciante, o vereador já havia comentado com ele que esperava receber R$ 20 mil mensais com o controle político da Regional da Casa Verde.
As informações do ex-motorista colocam a Regional da Casa Verde no alvo das investigações da máfia da propina -esquema de extorsão promovido por funcionários da prefeitura. Um dos focos da ação da máfia são as regionais, controladas por vereadores da bancada governista.

Só um pouquinho
Os benefícios financeiros provenientes do controle político da Casa Verde são confirmados em conversa da mulher de Enéas, Neide Martinez Soares, com a amiga e funcionária Albertina L'Abatti, mulher de Sidney L'Abatti (veja quadro ao lado).
"A gente pegava da Casa Verde um pouquinho, mas pegava. Já dava para pagar as contas", afirma a mulher do parlamentar.
Neide se queixa também que, depois que Enéas entregou a regional para Morganti, até as cestas básicas ela deixou de receber.
Segundo Sidney L'Abatti, ele usava um carro da Câmara para retirar as cestas na regional e descarregava a remessa na casa de Enéas. L'Abatti afirma que chegou a ver a família abrindo as caixas e pondo os produtos nos armários.
Enéas nega as acusações. A Folha não encontrou Gonçalo Guimarães para que ele comentasse as acusações. (SC)

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