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Inquérito investiga retenção de salários
da Reportagem Local
As denúncias de que Osvaldo
Enéas exigia que seus funcionários
devolvessem ao gabinete 80% de
seus salários já estão sendo apuradas por um inquérito instaurado
pela Promotoria da Cidadania.
As investigações começaram em
outubro passado, quando cinco
ex-funcionários do gabinete do
parlamentar denunciaram a retenção de seus vencimentos em entrevista a uma emissora de televisão.
O ex-motorista de Enéas, Sidney
L'Abatti, 51, que trabalhou no gabinete do vereador de fevereiro a
junho de 97, disse que ficava com
R$ 1.500 dos R$ 6.000 que deveria
receber. O resto, diz, entregava ao
vereador ou a seus familiares.
Normalmente, o dinheiro era sacado e entregue em espécie. Algumas vezes, segundo L'Abatti, o pagamento foi feito em cheque.
L'Abatti afirma que quem não
aceitasse repassar parte dos vencimentos perdia o emprego.
As denúncias foram reafirmadas
por Maurício Dassie, 34, José Rivello, 59, Sandra Batista Félix, 32, e
Albertina Usignoello L'Abatti, todos ex-funcionários de Enéas que
trabalharam na campanha do parlamentar e são seus vizinhos na Vila Formosa (zona sudeste de SP).
Dassie diz que recebia R$ 3.000,
mas ficava apenas com R$ 760,
tendo também que entregar os vales-refeição a Osvaldo Enéas.
Rivello, que trabalhou de janeiro
a junho de 97 no gabinete do vereador do Prona, disse que ficava com
R$ 700 do seu salário de R$ 2.500.
Albertina, contratada pelo
Anhembi em fevereiro de 97 por
indicação de Enéas, disse que tinha
que entregar R$ 800 à mulher do
vereador, Neide Martinez.
Sandra, que trabalhou de janeiro
de 97 a fevereiro de 98 com Enéas,
afirma que ficava com R$ 800 de
um salário de R$ 4.300.
No começo, segundo os funcionários, Enéas justificava a exigência dizendo que tinha que pagar dívidas de campanha. Depois, passou a alegar que a retenção era procedimento normal na Câmara.
Os funcionários entregaram aos
promotores recibos supostamente
assinados pela mulher de Enéas e
cheques que teriam sido depositados na conta de Neide e na de um
cunhado de Enéas.
Em uma fita entregue por Dassie
à promotoria ele discute com o filho e chefe de gabinete do vereador, Jorge Luiz Martinez Soares, a
retenção do dinheiro dos salários
(veja quadro acima).
Durante as investigações, o promotor Saad Mazloum descobriu
que Sidney e Albertina L'Abatti haviam sido fantasmas indicados por
Enéas no Anhembi Turismo e
Eventos. As indicações também
são confirmadas nas fitas entregues pelos denunciantes ao Ministério Público (veja quadro).
Chamada a depor, a própria mulher de Enéas, Neide Martinez,
confessou que era funcionária fantasma na Prodam (Companhia de
Processamento de Dados do Município de São Paulo).
(SC)
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