São Paulo, Domingo, 09 de Maio de 1999
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Inquérito investiga retenção de salários

da Reportagem Local

As denúncias de que Osvaldo Enéas exigia que seus funcionários devolvessem ao gabinete 80% de seus salários já estão sendo apuradas por um inquérito instaurado pela Promotoria da Cidadania.
As investigações começaram em outubro passado, quando cinco ex-funcionários do gabinete do parlamentar denunciaram a retenção de seus vencimentos em entrevista a uma emissora de televisão.
O ex-motorista de Enéas, Sidney L'Abatti, 51, que trabalhou no gabinete do vereador de fevereiro a junho de 97, disse que ficava com R$ 1.500 dos R$ 6.000 que deveria receber. O resto, diz, entregava ao vereador ou a seus familiares.
Normalmente, o dinheiro era sacado e entregue em espécie. Algumas vezes, segundo L'Abatti, o pagamento foi feito em cheque.
L'Abatti afirma que quem não aceitasse repassar parte dos vencimentos perdia o emprego.
As denúncias foram reafirmadas por Maurício Dassie, 34, José Rivello, 59, Sandra Batista Félix, 32, e Albertina Usignoello L'Abatti, todos ex-funcionários de Enéas que trabalharam na campanha do parlamentar e são seus vizinhos na Vila Formosa (zona sudeste de SP).
Dassie diz que recebia R$ 3.000, mas ficava apenas com R$ 760, tendo também que entregar os vales-refeição a Osvaldo Enéas.
Rivello, que trabalhou de janeiro a junho de 97 no gabinete do vereador do Prona, disse que ficava com R$ 700 do seu salário de R$ 2.500.
Albertina, contratada pelo Anhembi em fevereiro de 97 por indicação de Enéas, disse que tinha que entregar R$ 800 à mulher do vereador, Neide Martinez.
Sandra, que trabalhou de janeiro de 97 a fevereiro de 98 com Enéas, afirma que ficava com R$ 800 de um salário de R$ 4.300.
No começo, segundo os funcionários, Enéas justificava a exigência dizendo que tinha que pagar dívidas de campanha. Depois, passou a alegar que a retenção era procedimento normal na Câmara.
Os funcionários entregaram aos promotores recibos supostamente assinados pela mulher de Enéas e cheques que teriam sido depositados na conta de Neide e na de um cunhado de Enéas.
Em uma fita entregue por Dassie à promotoria ele discute com o filho e chefe de gabinete do vereador, Jorge Luiz Martinez Soares, a retenção do dinheiro dos salários (veja quadro acima).
Durante as investigações, o promotor Saad Mazloum descobriu que Sidney e Albertina L'Abatti haviam sido fantasmas indicados por Enéas no Anhembi Turismo e Eventos. As indicações também são confirmadas nas fitas entregues pelos denunciantes ao Ministério Público (veja quadro).
Chamada a depor, a própria mulher de Enéas, Neide Martinez, confessou que era funcionária fantasma na Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo). (SC)



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