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SAÚDE
Remédios para ereção são estudados
Droga pode facilitar orgasmo feminino
AURELIANO BIANCARELLI
enviado especial a Dallas (EUA)
Pesquisas estão indicando que as
drogas para ereção -como o Viagra e o Vasomax- podem agir como facilitadoras do orgasmo feminino. Ainda é cedo para comemorar, dizem os médicos, mas os dados preliminares são animadores.
A principal constatação dos estudos, no entanto, é de outra ordem:
os pesquisadores -homens e mulheres- quase nada sabem sobre a
resposta sexual feminina.
Desenhar uma droga específica
para a mulher implica em, primeiro, entender como funciona o orgasmo feminino.
"O entendimento do mecanismo
da ereção consumiu quase 30
anos", diz Celso Gromatzky, do
Hospital das Clínicas de São Paulo.
No caso das mulheres, a pesquisa
mais recente foi divulgada no congresso americano de urologia, encerrado na sexta-feira em Dallas
(EUA). Jennifer Berman, do Boston Medical Center, acompanhou
17 mulheres que estavam na menopausa ou que tiveram o útero retirado. Metade delas recebeu placebo, outra metade tomou Viagra.
Por meio de ultra-sonografia intravaginal, os pesquisadores mediram o fluxo sanguíneo genital, o
pH e a elasticidade da vagina.
"Apesar do pequeno número de
mulheres estudadas, é possível dizer que o Viagra melhorou a resposta sexual feminina", afirmou
Jennifer Berman.
O maior dos estudos vem sendo
coordenado por Irwin Goldstein,
da Universidade de Boston, desta
vez com o Vasomax, lançado no
Brasil na semana passada.
Segundo o pesquisador, entre
40% e 60% das mulheres que receberam o comprimido para ereção
relataram melhor qualidade na
resposta sexual.
Goldstein -um dos maiores especialistas em disfunção sexual-
disse que os melhores resultados
foram notados em mulheres que
lidavam bem com sua sexualidade.
Naquelas que apresentam dificuldades sexuais de origem psicogênicas, a droga não apresentou
bons resultados.
Os estudos são poucos e, algumas vezes, contraditórios. Pesquisa feita pela Universidade de Columbia (EUA) em parceria com a
USP de Ribeirão Preto não observou mudanças nas mulheres com
o Viagra.
O médico Joaquim Francisco
Claro, da Universidade Federal de
São Paulo, diz que vem acompanhando dez mulheres que tomam
o Vasomax. Todas elas teriam relatado melhora na resposta sexual.
O Viagra (sildenafil) age facilitando o relaxamento, enquanto o
Vasomax (mesilato de fentolamina) impede a contração. Os dois
melhoram o fluxo sanguíneo.
"Mas ainda não sabemos o que isso significa no orgasmo feminino",
diz Sidney Glina, do Instituto H.
Ellis e presidente eleito da Sociedade Internacional para a Pesquisa
da Impotência.
"Em termos de orgasmo feminino, estamos na pré-história", observa Gromatzky. Questões religiosas e culturais atrasaram o conhecimento da sexualidade feminina e os laboratórios só agora estão percebendo esse mercado.
A tendência é que haja uma corrida na busca de drogas específicas
para a mulher. No encontro de Dallas, Goldstein citou um supositório intravaginal que pode ser
anunciado nos próximos meses.
Por enquanto, as disfunções sexuais femininas vêm sendo vistas e
tratadas como problemas psíquicos.
"Uma droga pode funcionar como estímulo ou facilitador do orgasmo, mas não estou certa de que
funcione como tratamento", diz
Maria Helena Gherpelli, diretora
do Instituto Kaplan, uma ONG que
atende homens e mulheres com dificuldades sexuais.
Entre as mulheres que procuram
o instituto, um terço delas se queixa de falta de orgasmo. Outras relatam inibição do desejo (16%),
problemas afetivos (13%), dor na
relação (7%) e vaginismo (2%).
O jornalista Aureliano Biancarelli viajou a convite do laboratório Schering- Plough
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