São Paulo, domingo, 09 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Punição para quem não segue regras vai de tiro na mão a homicídio

Lei do tráfico faz justiça paralela nos morros do Rio

Ana Carolina Fernandes - 29.abr.2001/ Folha Imagem
Jovens que fretaram Kombi para ir a um baile funk, erraram o caminho e foram espancados por traficantes na favela São Carlos, no Rio


DA SUCURSAL DO RIO

O tráfico criou uma justiça paralela para "punir" quem desrespeita suas regras. As punições para quem rouba dentro da favela, por exemplo, vão de tiro na mão a homicídio.
Em abril deste ano, o vendedor de drogas Michael Fábio Rodrigues Ferreira foi torturado e esquartejado por ter perturbado uma festa realizada por traficantes do morro do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana (zona sul).
A punição para um X-9 (informante da polícia) é a tortura seguida de morte. A suspeita de que alguém sirva de informante já é "investigada" com espancamento e tortura.
Em setembro do ano passado, o açougueiro Alexsandro Oliveira da Silva, 28, foi agredido e torturado por traficantes da favela Vila Vintém, em Realengo (zona oeste), depois de ter sido confundido com um informante.
O açougueiro disse que, como estava sem dinheiro para o ônibus na volta do trabalho, resolveu passar por dentro da favela para cortar caminho até sua casa.
Silva prestou queixa na delegacia -o que é raro nessas ocasiões. "Quando os traficantes dão alguma punição para o pessoal, eles não vão à delegacia. No Brasil existe pena de morte, e ela é exercida por marginais", afirmou o delegado Sérgio Falante, da 22ª Delegacia Policial.
O delegado também fala de outra lei imposta pelo tráfico -a lei do silêncio. "A gente quase não consegue saber de nada pelos moradores", afirma. (FERNANDA DA ESCÓSSIA)


Texto Anterior: Danuza Leão: Te cuida, Rita
Próximo Texto: Há 50 anos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.