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NO EXTERIOR
Detido com 13,4 kg de cocaína, esportista tem uma semana para recorrer de sentença da Justiça da Indonésia
Brasileiro é condenado à morte por tráfico
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA SUCURSAL DO RIO
A Justiça da Indonésia, em primeira instância, condenou ontem
à morte por um pelotão de fuzilamento o instrutor de vôo livre carioca Marco Archer Cardoso Moreira, 42, preso em agosto passado
ao tentar entrar no país com 13,4
kg de cocaína. A defesa tem sete
dias para recorrer da decisão na
Corte Superior. Caso a sentença
seja confirmada, pode-se apelar
ainda para a Suprema Corte.
O Itamaraty afirma que o julgamento dos recursos pode durar
até dois anos. Moreira pode apelar ainda para o indulto presidencial, alternativa pouco provável,
segundo a Embaixada do Brasil
em Jacarta. Candidata à reeleição,
a presidente Megawati Sukarnoputri, defende a pena de morte e o
endurecimento contra os tráfico.
O assessor diplomático do Palácio do Planalto, Marco Aurélio
Garcia, afirmou que, para evitar
constrangimentos diplomáticos,
o governo só agirá em favor de
Moreira quando sua defesa esgotar as chances de recursos legais .
Antes de anunciar a sentença, o
juiz perguntou se o esportista recorreria da sentença. Ele disse que
sim. Nesse momento, o brasileiro
ouviu : "O senhor agiu contra a
campanha antidrogas do governo, ameaçou a geração jovem do
país e criou uma imagem negativa
da Indonésia como nação consumidora de cocaína. O tribunal o
condena à morte".
Ao tomar conhecimento da decisão, Moreira, vestido com uma
camisa de mangas longas roxa e
calça branca, curvou a cabeça e fez
um gesto cortês com as mãos em
sinal de cumprimento.
Além da execução, a Promotoria havia pedido multa (rejeitada
pelo juiz) de US$ 33,3 mil. Na sentença, o réu foi apontado como
um "elo entre uma rede internacional de traficantes".
Segundo o jornal "The Jakarta
Post", Moreira é o 27º condenado
à morte desde 2000, quando foi
instituída a nova lei antidrogas na
Indonésia. Desses, 22 são estrangeiros. Desde a fundação do país,
na década de 40, dos 71 condenados à morte, 11 foram executados.
Os outros cumprem prisão perpétua ou morreram na cadeia.
O carioca foi preso em 16 de
agosto em Banyuaji, duas semanas depois de chegar ao aeroporto
de Jacarta. Estava foragido na casa
de um amigo. Ao desembarcar, o
esportista foi abordado por policiais, mas conseguiu fugir. A polícia encontrou 13,4 kg de cocaína
escondidos na capa de seu equipamento de vôo livre.
Em depoimento à Justiça, Moreira disse ter recebido US$ 10 mil
de um amigo, em junho passado,
em Bali, para trazer a droga do Peru com escala em São Paulo.
Questionado por jornalistas indonésios sobre como conseguiu
escapar do aeroporto e ficar duas
semanas foragido, Moreira teria
dito ser "David Copperfield", em
alusão ao mágico americano.
Em sua defesa, o brasileiro disse
ao juiz estar arrependido, embora
consciente de seu crime, pediu
desculpas à Justiça indonésia e solicitou que não fosse condenado à
morte, sob o argumento de que é
réu primário lá e no Brasil.
Afirmou ainda que passava por
dificuldade financeira após um
acidente em 1997, em Bali, que o
obrigou a interromper sua carreira em competições.
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