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SEGURANÇA
Ouvidoria recebeu denúncias de moradores do Parque Novo Mundo; acusado de ligação com morte de dentista também foi detido
Presos 15 PMs acusados de fazer ameaças
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quinze policiais militares foram presos administrativamente
sob suspeita de fazer ameaças e de
espancar moradores do Parque
Novo Mundo (zona norte de SP).
Entre os presos está o soldado Edson Assunção, acusado de envolvimento no assassinato, em fevereiro passado, do dentista Flávio
Ferreira de Sant'Ana, e que respondia ao processo em liberdade.
As prisões, realizadas pela Corregedoria da PM de São Paulo,
ocorreram entre a última sexta-feira e a madrugada de ontem. A
maioria dos policiais -dois sargentos e 13 soldados- pertence
ao 5º Batalhão da PM.
Segundo o corregedor-geral da
PM, coronel Paulo Máximo, os
policiais ficarão presos por cinco
dias, como prevê a legislação interna da corporação. No final desse prazo, diz ele, será decidida a
abertura ou não de um inquérito
policial militar para investigar as
novas denúncias e a necessidade
de prisão preventiva (até o julgamento) dos policiais envolvidos.
PMs da 6ª Companhia e da Força Tática do 5º Batalhão são alvo
de denúncias de abusos policiais e
mortes suspeitas desde março
passado. A Ouvidoria da Polícia e
entidades de direitos humanos fizeram reuniões com moradores
do Parque Novo Mundo. Relatórios e testemunhas foram encaminhados à Corregedoria da PM.
Mas espancamentos e ameaças
de morte continuaram, segundo
denúncias encaminhadas à Ouvidoria da Polícia.
De acordo com o ouvidor Itajiba Farias Ferreira Cravo, a última
denúncia, feita à Ouvidoria e encaminhada à PM na sexta-feira
passada, trouxe detalhes sobre o
suposto envolvimento de PMs em
chacinas, tráfico de drogas e uso
de armas sem registro, e citou os
nomes de sete policiais. O corregedor da PM, porém, diz que a
prisão foi motivada apenas por
denúncias de ameaças e abusos.
"As prisões dos 15 policiais
mostram que as denúncias da comunidade tinham fundamento",
disse Cravo. Entre os episódios
que precisam ser investigados, segundo ele, está uma chacina de
cinco jovens ocorrida em 2003.
"A presença entre os 15 presos
de um policial envolvido na morte do dentista [Flávio Sant'Ana]
mostra que houve uma falha",
afirmou o ouvidor. Os PMs envolvidos nesse crime alegam que só
atiraram porque o dentista teria
feito um gesto brusco.
Segundo a Corregedoria, o soldado Assunção chegou a ser preso, mas atualmente respondia ao
processo administrativo em liberdade. Ele foi denunciado pelo Ministério Público por fraude processual -PMs do 5º Batalhão registraram um boletim de ocorrência no qual narram uma reação à abordagem ao dentista, que
era negro, que não existiu.
Assunção estaria desempenhando funções administrativas,
mas teria sido visto no Parque
Novo Mundo ameaçando moradores. Para o ouvidor, já existiriam indícios para motivar o pedido de prisão preventiva de Assunção e dos outros policiais.
"A gente denuncia, mas os abusos e os espancamentos continuam. Parece que a nossa fala não
adianta nada", disse o presidente
da Associação dos Moradores e
Amigos do Parque Novo Mundo,
Cícero Pinheiro do Nascimento.
Uma audiência pública foi marcada para o próximo dia 17. A reunião vai contar com o relato de
moradores e a presença de entidades de direitos humanos. Um representante da Secretaria Especial
de Direitos Humanos, provavelmente o ministro Nilmário Miranda, também deve comparecer.
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