São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

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Marcola confirma acordo com o governo, diz deputado

GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A PRESIDENTE BERNARDES

CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE BERNARDES

VICTOR RAMOS
DA REDAÇÃO

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), integrante da CPI do Tráfico de Armas, disse ontem que Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC, confirmou ter feito um acordo com o governo de São Paulo para pôr fim aos atentados promovidos pela facção no mês passado. Esse acordo é negado pelo governo.
A confirmação foi feita durante depoimento prestado pelo preso ontem a deputados integrantes da CPI, em uma sala administrativa do CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes (589 km de São Paulo).
Marcola confirmou ainda ter recebido da comitiva de autoridades do Estado que o visitou na cadeia durante os ataques a oferta de dois celulares para que informasse a presos de outros presídios que estava bem.
A possibilidade do acordo entre a facção criminosa e o governo paulista foi um dos motivos que levou a CPI a ouvir Marcola ontem.
Em um depoimento que durou quatro horas, Marcola negou ser líder do PCC e chegou a ser irônico com os oitos deputados que participaram da audiência.
O preso disse que não sabia que estava ameaçado por integrantes do próprio PCC. Segundo Jungmann, grampos feitos pela polícia identificaram um grupo que pretendia fazer um atentado para incriminar Marcola, que já estaria sofrendo um desgaste por causa da exposição causada pelos últimos ataques. Marcola teria admitido apenas que era jurado de morte pelo CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade), uma facção rival ao PCC.
Em relação ao suposto acordo, Marcola confirmou que, no dia 14 de maio, no auge dos ataques do PCC, recebeu a visita de uma comitiva formada por um delegado, um coronel da PM, o corregedor administrativo da Secretaria da Administração Penitenciária e a advogada Iracema Vasciaveo, que representaria familiares de presos. O governo nega negociação e afirma que a visita foi um gesto de boa vontade.
O preso contou a advogada teria levado dois celulares e oferecido os aparelhos para que ele ligasse para um preso de outra penitenciária, cujo nome ele não quis revelar, para informar que estava bem. Foi outro detento, Luiz Henrique Fernandes, o LH, que estava com ele, que teria feito a ligação.


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