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Mar devasta estação científica brasileira
Pesquisadores se abrigaram em farol de arquipélago para escapar de ondas
Cientistas conseguiram por meio de um transmissor portátil contato com um barco pesqueiro, que os socorreu e avisou a Marinha
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Ondas de pelo menos três
metros destruíram nesta semana a estação científica do governo federal no arquipélago de
São Pedro e São Paulo. Para escapar da morte, quatro pesquisadores se refugiaram em um
farol. A Marinha já realizou o
resgate da equipe de cientistas.
O arquipélago fica pouco acima da linha do Equador, a quase 1.000 km da costa do Rio
Grande do Norte e a 650 km de
Fernando de Noronha. Formado por ilhotas rochosas, com
vegetação raquítica e sem fonte
de água, o local, inabitado, é um
dos mais inóspitos do Brasil.
A ressaca começou a atingir
São Pedro e São Paulo no fim de
semana. Segunda, as ondas se
intensificaram. Preocupados,
os cientistas decidiram passar a
noite no farol, ponto mais alto
do arquipélago (22,5 m).
Esse cuidado pode tê-los salvado. Na madrugada seguinte, a
estação, que também serve de
residência, foi atingida pelas
ondas. Parte do prédio, feito de
madeira, desabou. Equipamentos eletrônicos, inclusive de comunicação, foram avariados.
Segundo o capitão-de-mar-e-guerra Geraldo Gondim Joaçaba Filho, da Secirm (Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar),
nenhum dos cientistas sofreu
ferimentos, pois já estavam no
farol quando as ondas ultrapassaram a contenção de pedras
que protegeria a edificação.
Os cientistas estavam em São
Pedro e São Paulo desde o sábado passado. Ficariam 15 dias.
Após a chegada, uma mensagem enviada de Fernando de
Noronha por radiotransmissor
os alertou sobre a possibilidade
de ocorrer uma grande ressaca.
O grupo é formado pelo cirurgião e instrutor da USP
(Universidade de São Paulo)
Fábio Lambertini Tozzi, 45,
por sua mulher, a bióloga
Adriana Barzotti Kohlrausch,
29, pelo biólogo João Paulo
Machado Torres, 40, e pela universitária Larissa Cunha, ambos do Instituto de Biofísica da
UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro).
Sem o equipamento de transmissão, destruído pelo mar, os
cientistas -abrigados no farol- conseguiram por meio de
um transmissor portátil contato com um barco pesqueiro que
navegava por perto.
Os pescadores socorreram a
equipe e avisaram a Marinha.
Ontem, um navio-patrulha resgatou os cientistas, que seriam
levados para Fernando de Noronha e Natal. A ressaca foi
considerada pela Marinha a
maior ocorrida em São Pedro e
São Paulo desde a abertura do
local a pesquisas científicas, na
década passada.
Sem água potável e árvores,
portanto, sem sombra, o arquipélago não é habitado. Equipes
científicas se revezam a cada
duas ou três semanas. Para
manter a exclusividade de explorar a pesca na área, cobiçada
por outros países, o governo
precisa mantê-la com ocupação humana o ano todo.
Uma das pesquisas que a
equipe faria buscava investigar
a presença de metais pesados
na biota (conjunto de seres animais e vegetais de uma região)
das ilhas.
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