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Grupo fica perdido por 15 horas na Serra do Mar
As 43 pessoas, quase todas crianças e adolescentes, passaram a noite na mata
Acompanhados de dois guias, o grupo de jovens se desviou da trilha depois que uma garota torceu o pé e atrasou a caminhada
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de 43 pessoas, a
maioria crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos, ficou desaparecido ontem por cerca de
15 horas no Parque Estadual da
Serra do Mar, entre Mogi das
Cruzes e Bertioga (SP). Uma
criança se feriu levemente.
Os jovens e dois guias entraram na mata por volta das 9h30
de anteontem e deveriam ter
terminado a aventura às 17h
também de anteontem. Eles só
conseguiram sair com auxílio
de bombeiros e de um morador
da região às 12h30 de ontem.
O grupo pertence a um clube
chamado Desbravadores, ligado à Igreja Adventista, e fazia
atividades de contato com a natureza e reflexões espirituais.
De acordo com os familiares
e o Corpo de Bombeiros, a
aventura se transformou em
pesadelo quando uma menina
do grupo torceu o pé ao escorregar em uma pedra e deixou
mais lenta a caminhada. Com
isso, o grupo não conseguiu encontrar a saída e foi obrigado a
passar a noite na mata.
Como no meio da mata há
um trecho em que os telefones
celulares não funcionam, por
falta de sinal, os jovens não
conseguiram avisar os familiares do que estava ocorrendo, e
começou então a busca.
Segundo moradores da região, na mata há cobras, aranhas e onças. Um dos maiores
perigos, porém, são os caminhos escorregadios e cheios de
pedras que tornam quase impossível a caminhada à noite.
Sem equipamento
Além da falta de informação,
os familiares disseram que se
preocuparam porque os religiosos não tinham se preparado para ficar mais tempo do
que as oito horas planejadas.
Não havia suprimentos nem
equipamentos para acampar.
Quinze homens do Corpo de
Bombeiros e um morador da
região participaram da busca,
que começou por volta das 3h.
Os jovens foram achados por
volta das 9h30 e conseguiram
deixar o local três horas depois.
O mateiro Eliandro José de
Moraes, 24, foi quem conduziu
a equipe de busca pelas trilhas.
"Eu via onde o capim estava
amassado, papel jogado no
chão, e conseguimos encontrá-los. Estavam todos bem", disse.
Uma das primeiras famílias a
chegar no km 92 da rodovia
Mogi-Bertioga, local marcado
para o término da aventura, foi
a da fisioterapeuta Joceli Manzolli Batista, 41.
"Chegamos aqui era 1h. Chorei muito. Só fiquei bem quando consegui falar com minha filha pelo celular por volta das
7h, 8h. Ela disse: "Mãe, está tudo bem comigo"."
Para ela, que tinha duas filhas
na aventura, a falta de informações foi a pior agonia. "Sei que
minha filha está bem sem faltar
nenhum dedinho", disse minutos antes de reencontrar com as
adolescentes, de 15 e 17 anos.
Os guias do grupo não quiseram falar com a reportagem. Os
jovens também evitaram falar
com os jornalistas e só diziam
que estavam todos bem e ninguém havia ficado assustado.
"Tem alguém morto?", gritou
um adolescente. "Não", gritaram os outros, em fila indiana
em direção ao ônibus, que saiu
rápido em direção a São Paulo.
O comandante dos bombeiros, o tenente Marcos Augusto,
disse que é muito comum grupos participarem de trilhas na
região e se perderem. Há uma
média de dez casos por ano.
Para o policial, um dos erros
do grupo, e que serve de lição
para outras pessoas, é não ter se
preparado para ficar mais tempo que o previsto na aventura.
O mateiro Moraes afirmou
que o local escolhido pelos
guias para pernoitar também
não era apropriado porque ficava entre cursos d'água. "Se tivesse chovido, eles ficariam
ilhados. O guia se confundiu
porque o mato da trilha cresceu, caíram árvores. Eles estavam realmente perdidos."
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