São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2008

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Estudante sente baixo prestígio do magistério

DA REPORTAGEM LOCAL

O baixo prestígio do magistério na sociedade é sentido pelos educadores antes mesmo de começar o curso de pedagogia.
Hoje no quarto semestre do curso da Universidade de Guarulhos, Jessyka Rocha Rodrigues, 26, afirma que seus amigos se surpreenderam quando ela contou a escolha pela carreira. Principalmente porque já era formada em direito.
"Diziam que eu era louca, que deveria seguir no direito para ganhar mais", afirma Jessyka.
"Eles apontavam, primeiro, a questão dos salários, depois, o fato de ter de agüentar um monte de criança. Mas trabalhar com educação era o que eu sempre quis e não me arrependo", diz a estudante.

Sobreviventes
Por situação parecida passou a aluna do quinto semestre de pedagogia da Unifai (Centro Universitário Assunção) Janaina Oliveira Leal, 23.
"Quando você diz que quer ser professora, até a família pergunta se não tinha outra profissão. Muitos desistem por causa disso. Ficam só os sobreviventes. Mas gosto do desafio de educar as crianças."
Uma pesquisa da Fundação Carlos Chagas, que acompanha 2.700 estudantes de cursos de formação de professores do país, dá uma mostra do atual status social do magistério: 73% dos participantes afirmam que seus amigos entendem que a carreira não vale a pena.

Contrariedade
Professor da rede municipal de São Paulo, Silem Santos Silva, 45, discorda dos dados que indicam uma falta de profissionais com boa qualificação na rede pública. "O que falta é um projeto de curto, médio e longo prazo para organizar a rede", afirma o professor.
O perfil socioeconômico de Silem se encaixa no padrão estatístico daqueles que buscam a carreira docente.
Quando jovem, morava em M'Boi Mirim (periferia da capital paulista) e sempre estudou em escolas públicas.
A diferença é o seu desempenho acadêmico, sempre entre as melhores notas.
Essa performance o ajudou a chegar à USP (Universidade de São Paulo), onde fez a graduação e depois o curso de mestrado. Nunca pôde, porém, parar de trabalhar.
"No começo, meu pai queria me convencer a fazer um curso de ferramentaria. Os meus amigos perguntavam por que eu não fazia psicologia, que eles consideram mais nobre. Mas convenci a todos que o que queria mesmo era estar na sala de aula." (FT)


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