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Estudante sente baixo prestígio do magistério
DA REPORTAGEM LOCAL
O baixo prestígio do magistério na sociedade é sentido pelos
educadores antes mesmo de
começar o curso de pedagogia.
Hoje no quarto semestre do
curso da Universidade de Guarulhos, Jessyka Rocha Rodrigues, 26, afirma que seus amigos se surpreenderam quando
ela contou a escolha pela carreira. Principalmente porque já
era formada em direito.
"Diziam que eu era louca, que
deveria seguir no direito para
ganhar mais", afirma Jessyka.
"Eles apontavam, primeiro, a
questão dos salários, depois, o
fato de ter de agüentar um
monte de criança. Mas trabalhar com educação era o que eu
sempre quis e não me arrependo", diz a estudante.
Sobreviventes
Por situação parecida passou
a aluna do quinto semestre de
pedagogia da Unifai (Centro
Universitário Assunção) Janaina Oliveira Leal, 23.
"Quando você diz que quer
ser professora, até a família
pergunta se não tinha outra
profissão. Muitos desistem por
causa disso. Ficam só os sobreviventes. Mas gosto do desafio
de educar as crianças."
Uma pesquisa da Fundação
Carlos Chagas, que acompanha
2.700 estudantes de cursos de
formação de professores do
país, dá uma mostra do atual
status social do magistério:
73% dos participantes afirmam
que seus amigos entendem que
a carreira não vale a pena.
Contrariedade
Professor da rede municipal
de São Paulo, Silem Santos Silva, 45, discorda dos dados que
indicam uma falta de profissionais com boa qualificação na
rede pública. "O que falta é um
projeto de curto, médio e longo
prazo para organizar a rede",
afirma o professor.
O perfil socioeconômico de
Silem se encaixa no padrão estatístico daqueles que buscam a
carreira docente.
Quando jovem, morava em
M'Boi Mirim (periferia da capital paulista) e sempre estudou
em escolas públicas.
A diferença é o seu desempenho acadêmico, sempre entre
as melhores notas.
Essa performance o ajudou a
chegar à USP (Universidade de
São Paulo), onde fez a graduação e depois o curso de mestrado. Nunca pôde, porém, parar
de trabalhar.
"No começo, meu pai queria
me convencer a fazer um curso
de ferramentaria. Os meus
amigos perguntavam por que
eu não fazia psicologia, que eles
consideram mais nobre. Mas
convenci a todos que o que queria mesmo era estar na sala de
aula."
(FT)
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