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Salário de professor divide especialistas
Para alguns, reajuste deveria ser igual para toda a classe; outros defendem que haja diferenciação a partir do desempenho
Diferença entre ganhos de professores e trabalhadores privados vem diminuindo, de 61,9% a menos em 1995, para 16,8% a menos em 2006
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos pontos mais polêmicos na discussão de como melhorar a atratividade da carreira docente é a questão salarial.
Há pesquisadores que entendem que o aumento geral para a
categoria é primordial; outros
acham a medida incorreta.
O estudo encomendado pela
Fundação Lemann e pelo Instituto Futuro Brasil destaca que,
na média, os professores públicos ganham menos do que os
trabalhadores do setor privado
em geral (considerando os que
possuem formação superior).
A diferença, porém, vem
caindo rapidamente: os docentes ganhavam 61,9% a menos
que a média da população no
setor privado em 1995, percentual que diminuiu para 16,8%
em 2006, segundo dados da
Pnad, pesquisa do IBGE.
"O salário ainda tem influência, mas não parece ser mais o
fator primordial para a baixa
atratividade para a carreira docente", afirma Paula Louzano,
coordenadora do estudo.
"Faltam estudos sobre o assunto. Mas a minha impressão
é que as condições de trabalho,
o dia-a-dia na sala de aula, têm
um peso grande", afirma.
Para o professor emérito da
Unicamp Dermeval Saviani,
um forte aumento salarial é essencial para mudar a imagem
da carreira e atrair uma população mais bem preparada.
"Se o professor ganha na média brasileira, ele ganha mal,
principalmente porque é uma
profissão que exige muito.
Além disso, a carreira está tão
desvalorizada que ela precisa
de um choque", diz Saviani.
Opinião divergente tem o
pesquisador da FGV-RJ Samuel Pessoa. Para ele, o problema é que a estrutura do setor
público não diferencia os bons
profissionais dos demais.
"É preciso criar mecanismos
que permitam a diferenciação a
partir de medidas objetivas de
desempenho. Os mais talentosos ganham mais. Isso muda o
perfil do corpo docente", diz.
Elevar os salários de toda a
classe até que todos ficassem
com salários superiores à média, além de injusto com os professores mais dedicados, traria
gastos praticamente insuportáveis para o Estado, diz Pessoa.
Para a docente da PUC-SP
Clarilza Prado, que coordena
um estudo da Fundação Carlos
Chagas sobre estudantes de
cursos de formação de professores, "ao lado da discussão sobre salário e carreira docente, é
preciso trabalhar fatores subjetivos, como a impressão que a
sociedade tem do professor".
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Roberto
Leão, afirma ser necessário,
"além de aumento salarial, melhores condições de trabalho,
como diminuição da jornada de
trabalho e redução de alunos
por sala. Tudo isso melhoraria a
imagem da carreira".
(FT)
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