São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MARIA DE LOURDES SEKEFF ZAMPRONHA (1934-2008)

Vida e morte musicadas por Beethoven

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Maria de Lourdes Sekeff Zampronha tinha seis anos quando tirou suas primeiras notas do piano. Ninguém cogitou que seria pianista. Ela não só viveu pela música como morreu com ela, ao som suave da musicoterapia.
Educada em colégio de freiras, "onde se banhava de roupa para evitar a nudez", e filha de libaneses crentes que "mulher não deveria estudar", foi graças ao lobby da tia que foi cursar piano no Rio. Na Universidade do Brasil, foi solista da orquestra e chegou à livre-docência -a mesma professora que reunia alunos para tocar em sua casa, no Largo do Machado, e que fundou a Associação de Jovens (famosos) Pianistas.
Até ir para São Paulo e para a Unesp "revolucionar a música" com o "Movimento Nacional Ritmo e Som", cujo festival organizou e pelo qual foi premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Escreveu quatro livros e muito pesquisou sobre musicoterapia. "Acreditava muito", não só porque seu projeto "Música nos Hospitais" levasse notas de esperança aos doentes, mas porque, quando descobriu o câncer, "ouvia músicas calmas, sem parar".
Aula, só de peruca. "Tentava esconder a doença", da qual se curou. Mas, "por ironia do destino, acabou esquecendo o coração". Morreu de amiloidose, segunda, aos 73. Deixou um livro no prelo, três netos e dois filhos -um deles seu ex-aluno e "eterno devedor", o compositor Edson Zampronha. Amava Beethoven como ele.

obituario@folhasp.com.br

Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Policial é agredido por skinheads na rua Augusta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.