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MARIA DE LOURDES SEKEFF ZAMPRONHA (1934-2008)
Vida e morte musicadas por Beethoven
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Maria de Lourdes Sekeff
Zampronha tinha seis anos
quando tirou suas primeiras
notas do piano. Ninguém cogitou que seria pianista. Ela
não só viveu pela música como morreu com ela, ao som
suave da musicoterapia.
Educada em colégio de
freiras, "onde se banhava de
roupa para evitar a nudez", e
filha de libaneses crentes que
"mulher não deveria estudar", foi graças ao lobby da
tia que foi cursar piano no
Rio. Na Universidade do Brasil, foi solista da orquestra e
chegou à livre-docência -a
mesma professora que reunia alunos para tocar em sua
casa, no Largo do Machado, e
que fundou a Associação de
Jovens (famosos) Pianistas.
Até ir para São Paulo e para a Unesp "revolucionar a
música" com o "Movimento
Nacional Ritmo e Som", cujo
festival organizou e pelo qual
foi premiada pela Associação
Paulista de Críticos de Arte.
Escreveu quatro livros e
muito pesquisou sobre musicoterapia. "Acreditava muito", não só porque seu projeto "Música nos Hospitais" levasse notas de esperança aos
doentes, mas porque, quando descobriu o câncer, "ouvia
músicas calmas, sem parar".
Aula, só de peruca. "Tentava esconder a doença", da
qual se curou. Mas, "por ironia do destino, acabou esquecendo o coração". Morreu de amiloidose, segunda,
aos 73. Deixou um livro no
prelo, três netos e dois filhos
-um deles seu ex-aluno e
"eterno devedor", o compositor Edson Zampronha.
Amava Beethoven como ele.
obituario@folhasp.com.br
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