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Policial é agredido por skinheads na rua Augusta
À paisana, PM foi espancado após ser chamado para ajudar vítima de racismo
Três suspeitos foram presos em flagrante; policial já teve alta, mas terá de passar por cirurgias para reconstruir o queixo, o nariz e a boca
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DO "AGORA"
Um policial militar à paisana
foi agredido ontem de madrugada na rua Augusta, região
central de São Paulo, por um
suposto grupo de skinheads
suspeitos de ofender e tentar
agredir um rapaz de 22 anos
momentos antes.
O policial Wilson Vasconcelos Neves, 40, teve parte do rosto desfigurado por socos, pontapés e uma barra de ferro, segundo a polícia. Ele teve alta
ontem e passará por cirurgias
de reconstrução de queixo, nariz e boca.
Três dos cinco integrantes do
grupo foram presos: Cley dos
Passos Costa, 28, e os irmãos
Carlos Gustavo Silva Duque,
22, e Otávio da Silva Duque
Pinto, 25. Eles negam as agressões e também dizem não fazer
parte de um grupo violento. Os
três usavam coturnos, um deles
tinha um soco inglês e, nos celulares dos acusados, havia nomes acompanhados da sigla
"NS", possível referência ao
partido nazista alemão Nacional Socialista. Apenas Cley tem
a cabeça raspada, uma das características dos skinheads.
Neves foi socorrido por policiais que faziam ronda perto do
local exatamente para atender
a uma denúncia contra um grupo que estaria com instrumentos de briga. "Se não estivéssemos tão perto, ele podia ter
morrido", diz a tenente Jaqueline Ferraz de Paiva. Segundo
ela, parte do grupo tentou enfrentar os policiais.
O caso foi registrado no 4º
DP, que fica a menos de 500
metros do local. Segundo o boletim de ocorrência, tudo começou quando o grupo ameaçou agredir e fez ofensas racistas e homofóbicas a Rafael Pereira Ramalho, 22, que passava
pela Augusta com uma amiga.
O rapaz correu e foi perseguido.
Enquanto isso, sua amiga pediu
ajuda em uma padaria próxima.
O dono da padaria e o segurança correram para ajudar e
pediram ajuda a Neves, que já
havia trabalhado na região e era
conhecido do comerciante.
Ao chegar ao local, o policial
encontrou os dois irmãos brigando. Ainda de acordo com o
boletim de ocorrência, ele viu
que a vítima de racismo não estava no local e ia se retirar. Ao
dar as costas, foi agredido.
Segundo o delegado Benedito Anselmo da Silva Neto, as
testemunhas foram unânimes
ao afirmar que Carlos pisou na
cabeça do policial.
Na tarde de ontem, Alessandro Medeiros Amaro, 34, que
trabalha em uma boate próxima, disse que tentou impedir as
agressões e chegou a segurar
um dos presos.
"Se não tivesse entrado na
briga, certamente o policial teria sido morto", disse Amaro no
depoimento.
A polícia ainda procura outros dois homens que fugiram
quando outros policiais chegaram. Eles teriam sido identificados apenas como Milton e
Alessandro.
Outros casos
Membros de dois grupos, um
de skinheads e outro de punks,
foram presos no dia 2 deste
mês, acusados de tentar matar
a facadas um rapaz de 16 anos
na rua da Consolação em abril
de 2006. Seis jovens dos grupos
"Carecas do ABC" e "Devastação Punk" teriam agredido Jefferson Marcelo dos Reis Silva,
então com 22, em um bar na
rua da Consolação. O motivo
teria sido a vítima ter deixado
um dos grupos.
Em novembro de 2007, outra
facção de skinheads, denominada "Carecas do Subúrbio",
espancou um casal de namorados na avenida Paulista. Um
mês antes, um skinhead, pertencente a um grupo denominado "Front 88", foi espancado
por punks na região central de
São Paulo. Nove punks, do grupo "Vício Punk", foram presos
na época.
O mesmo grupo teria participado do assassinato do skinhead Ricardo Sutanis Cardoso, 22, em 14 de abril de 2007,
na rua Augusta.
(CINTHIA RODRIGUES, MARCELA FONSECA e ARTUR RODRIGUES)
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