São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2008

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Policial é agredido por skinheads na rua Augusta

À paisana, PM foi espancado após ser chamado para ajudar vítima de racismo

Três suspeitos foram presos em flagrante; policial já teve alta, mas terá de passar por cirurgias para reconstruir o queixo, o nariz e a boca

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DO "AGORA"

Um policial militar à paisana foi agredido ontem de madrugada na rua Augusta, região central de São Paulo, por um suposto grupo de skinheads suspeitos de ofender e tentar agredir um rapaz de 22 anos momentos antes.
O policial Wilson Vasconcelos Neves, 40, teve parte do rosto desfigurado por socos, pontapés e uma barra de ferro, segundo a polícia. Ele teve alta ontem e passará por cirurgias de reconstrução de queixo, nariz e boca.
Três dos cinco integrantes do grupo foram presos: Cley dos Passos Costa, 28, e os irmãos Carlos Gustavo Silva Duque, 22, e Otávio da Silva Duque Pinto, 25. Eles negam as agressões e também dizem não fazer parte de um grupo violento. Os três usavam coturnos, um deles tinha um soco inglês e, nos celulares dos acusados, havia nomes acompanhados da sigla "NS", possível referência ao partido nazista alemão Nacional Socialista. Apenas Cley tem a cabeça raspada, uma das características dos skinheads.
Neves foi socorrido por policiais que faziam ronda perto do local exatamente para atender a uma denúncia contra um grupo que estaria com instrumentos de briga. "Se não estivéssemos tão perto, ele podia ter morrido", diz a tenente Jaqueline Ferraz de Paiva. Segundo ela, parte do grupo tentou enfrentar os policiais.
O caso foi registrado no 4º DP, que fica a menos de 500 metros do local. Segundo o boletim de ocorrência, tudo começou quando o grupo ameaçou agredir e fez ofensas racistas e homofóbicas a Rafael Pereira Ramalho, 22, que passava pela Augusta com uma amiga. O rapaz correu e foi perseguido. Enquanto isso, sua amiga pediu ajuda em uma padaria próxima.
O dono da padaria e o segurança correram para ajudar e pediram ajuda a Neves, que já havia trabalhado na região e era conhecido do comerciante.
Ao chegar ao local, o policial encontrou os dois irmãos brigando. Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, ele viu que a vítima de racismo não estava no local e ia se retirar. Ao dar as costas, foi agredido.
Segundo o delegado Benedito Anselmo da Silva Neto, as testemunhas foram unânimes ao afirmar que Carlos pisou na cabeça do policial.
Na tarde de ontem, Alessandro Medeiros Amaro, 34, que trabalha em uma boate próxima, disse que tentou impedir as agressões e chegou a segurar um dos presos.
"Se não tivesse entrado na briga, certamente o policial teria sido morto", disse Amaro no depoimento.
A polícia ainda procura outros dois homens que fugiram quando outros policiais chegaram. Eles teriam sido identificados apenas como Milton e Alessandro.

Outros casos
Membros de dois grupos, um de skinheads e outro de punks, foram presos no dia 2 deste mês, acusados de tentar matar a facadas um rapaz de 16 anos na rua da Consolação em abril de 2006. Seis jovens dos grupos "Carecas do ABC" e "Devastação Punk" teriam agredido Jefferson Marcelo dos Reis Silva, então com 22, em um bar na rua da Consolação. O motivo teria sido a vítima ter deixado um dos grupos.
Em novembro de 2007, outra facção de skinheads, denominada "Carecas do Subúrbio", espancou um casal de namorados na avenida Paulista. Um mês antes, um skinhead, pertencente a um grupo denominado "Front 88", foi espancado por punks na região central de São Paulo. Nove punks, do grupo "Vício Punk", foram presos na época.
O mesmo grupo teria participado do assassinato do skinhead Ricardo Sutanis Cardoso, 22, em 14 de abril de 2007, na rua Augusta. (CINTHIA RODRIGUES, MARCELA FONSECA e ARTUR RODRIGUES)


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