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Ex-secretário dos Transportes afirma que projeto é "uma idéia que vai pegar"
DA REPORTAGEM LOCAL
O arquiteto e urbanista Cândido Malta, que já foi secretário
dos Transportes Metropolitanos, diz que o promotor José
Carlos de Freitas reconheceu
estar "mal informado" sobre o
programa Comunidade Protegida em um seminário em que
também estavam presentes ele
e o presidente da CET.
"Ele já mudou de idéia", diz o
arquiteto, que acredita que medidas de "traffic calming" como
as preconizadas pelo programa
são "uma idéia que vai pegar".
"Já não temos tranqüilidade
nos locais de trabalho e estamos perdendo essa tranqüilidade onde moramos" por conta
do excesso de veículos, observa.
Já o professor de engenharia
urbana da Universidade Federal de São Carlos Archimedes
Raia Jr. argumenta que o promotor "pode estar correto em
seus questionamentos."
"Parece-me um programa de
ações pontuais. Não vejo na
prefeitura a intenção de implantar a filosofia do "traffic calming" em toda a cidade. Corre-se o risco de criar ilhas preservadas, geralmente em bairros
nobres."
Ambos defendem que a discussão sobre medidas de contenção do tráfego não fique restrita ao tema do "traffic calming". "Essa discussão isolada
é uma bobagem. Precisamos de
um sistema que inclua a ampliação do metrô e a implantação do pedágio urbano", diz.
No entanto, embora a configuração atual do Comunidade
Protegida contemple apenas
três bairros da periferia, Malta
diz que não se pode criticar a
idéia do "traffic calming" por
isso. "É muito mais difícil convencer a classe baixa, que é menos informada, do que a classe
média. A classe média viaja para a Europa, para os EUA, onde
tudo isso está aplicado. As classes populares não têm esse nível de informação. Mas quando
a gente leva [as idéias], eles
adotam. Acho que o programa
deve começar pela periferia."
O professor de planejamento
urbano da Faculdade de Arquitetura da USP Nabil Bonduki
argumenta que, ao assumir que
o programa ataca um problema
público, "a prefeitura deve trabalhar para que todas as áreas
tenham acesso". "Não me contraponho a que moradores paguem. Mas o alcance do programa não pode depender de parcerias com entidades privadas."
Para Bonduki, ao restringir o
acesso a vias, o Comunidade
Protegida deverá gerar aumento do trânsito em outras áreas.
"Em São Paulo, as vias estruturais não são suficientes, então
os carros usam as locais, o que
não deveria acontecer."
Coordenador do substitutivo
do Plano Diretor da cidade,
Bonduki observa que, pela legislação do município, para implementar medidas de "traffic
calming" é preciso consultar,
além de quem mora no bairro,
moradores do entorno para
evitar a criação de bolsões residenciais -áreas cujo acesso
apresenta restrições.
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