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Água do mar pode afetar identificação de corpos pelo DNA
Micro-organismos presentes no oceano são capazes de degradar material genético, diz perita de instituição gaúcha
"Tem corpo que fica muito tempo submerso, e se consegue o perfil [genético], mas porque ficou num local frio, onde não batia sol", diz
DA REPORTAGEM LOCAL
A identificação das vítimas
do voo AF 447 pode ser prejudicada pelo fato de os corpos terem passado vários dias no
mar. A avaliação é do IGP (Instituto Geral de Perícias) do Rio
Grande do Sul, um dos principais centros de reconhecimento de cadáveres do país.
Segundo a perita Cecília Helena Fricke Matte, 31, do setor
de genética forense do instituto, os corpos achados no Atlântico podem ter sofrido degradação de seu material genético.
De acordo com ela, um corpo
achado submerso na água pode
ter um reconhecimento muito
mais complicado do que outro
encontrado num incêndio.
"O fogo interfere mais na
parte externa [do corpo], se não
for uma coisa muito forte, uns
1.000 C. É que na água há um
monte de micro-organismos
que podem atuar, degradar o
material", diz. "Tem corpo que
fica muito tempo submerso, e
se consegue o perfil [genético],
mas porque ficou num local
frio, onde não batia sol. Em outros casos, depois de três dias
está totalmente decomposto."
Ainda segundo a perita, a
conservação do material genético é muito importante para a
identificação. Somente por
meio dele é possível fazer exames de DNA nuclear (do núcleo
celular) e mitocondrial (das mitocôndrias, espécie de usinas
de energia das células).
O IGP foi um dos primeiros
órgãos do país a dominar o exame de DNA mitocondrial -técnica usada em situações em que
os corpos estão muito degradados ou que apresentam pequena quantidade de DNA nuclear.
Os dois exames são, em muito casos, complementares para
a identificação e usados quando
todas as outras formas de reconhecimento são insuficientes.
Em uma célula são encontradas apenas duas cópias de DNA
nuclear e até mil cópias do DNA
mitocondrial. Pelo mitocondrial, porém, só é possível identificar a linhagem familiar.
A Polícia Federal encerrou
ontem a coleta do material genético de parentes dos ocupantes do voo AF 447 para tentar
identificar os corpos pelo DNA.
Colaborou a Sucursal do Rio
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