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EDUCAÇÃO
Só 2% dos alunos da rede pública conseguem obter a pontuação máxima
85% têm dificuldade com
multiplicação na 8ª série
GILBERTO DIMENSTEIN
do Conselho Editorial
A maioria dos estudantes das escolas estaduais paulistas não obtém conhecimento suficiente de
matemática para cursar o segundo
grau Äo que dificulta não apenas
o progresso acadêmico, mas as
chances profissionais, já que cada
vez mais é exigido do trabalhador
conhecimento de matemática.
Apenas 2% dos alunos da 8ª série
atingiram o nível máximo (4) de
competência em matemática, numa escala de 1 a 4, representando
de péssimo a ótimo. Para cada nível, é estabelecida uma galeria de
habilidades (leia texto).
No nível 3, no qual é necessário
saber multiplicar e dividir, se classificaram apenas 15%. Isso significa que os outros 85% lidam mal
com essas operações.
"É sofrível", afirmou ontem a
secretária da Educação de São
Paulo, Rose Neubauer, consciente
de que os alunos vão enfrentar dificuldades no colegial.
Esses resultados foram obtidos
depois de testes aplicados, no ano
passado, em cerca de 1 milhão de
estudantes de 4ª e 8ª séries. É a segunda etapa do Saresp (Sistema de
Avaliação do Rendimento Escolar
do Estado de São Paulo), patrocinado pelo Banco Mundial.
O objetivo é medir o desempenho de um mesmo grupo de alunos em anos diferentes da vida escolar, o que facilita a avaliação dos
efeitos das políticas públicas de
educação. Em 1996, os testes foram aplicados nas 3ª e 4ª séries.
A investigação permite obter
pistas sobre por que determinados
alunos ou escolas conseguem melhor desempenho ou os fatores sociais que facilitam o aprendizado.
Evolução
Embora ainda longe de uma patamar razoável, os dados deste Saresp revelam que houve evolução
da competência, especialmente
em língua portuguesa.
É o reflexo de uma série de medidas tomadas a partir de 1995, como o aumento da jornada escolar,
maior carga de matemática, português e ciência, programas de recuperação durante o ano letivo e
nas férias, além da implantação
em cada unidade do professor-coordenador.
Esses programas explicam, em
parte, a queda da retenção para
3,8%, em 1997; a taxa era de 8,6%
em 1996 e 11,7% em 1995.
No geral, o quadro revelado pelo
Saresp mostra, porém, uma situação abaixo de regular, mostrando
as dificuldades na competição por
mercado de trabalho do aluno de
escola pública.
A pontuação dos estudantes das
escolas privadas de elite, cujos dados não foram ainda divulgados,
são bem superiores Ämas não
tanto como das cem melhores escolas públicas.
Língua portuguesa
"Tivemos de investir mais em
português. Vimos que, por causa
de deficiência na língua, o aprendizado das demais matérias ficava
prejudicado", diz Rose Neubauer.
Em língua portuguesa, 17% dos
alunos da 4ª série chegaram ao patamar máximo de competência;
56% ficaram abaixo. Comparando
ao ano anterior, foi um salto expressivo. Quando analisados em
1996, o nível máximo englobava
6%; logo abaixo, 27%.
Evolução semelhante tiveram os
alunos da 4ª série em matemática,
quando comparados com seu desempenho na série anterior. O nível máximo englobou 18%, contra
6% da 3ª série.
Os níveis de português da 8ª série são bem superiores aos de matemática. Em português, 20% conseguem a pontuação máxima; 59%
ficam no nível abaixo, que estaria
entre o regular e o bom.
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