São Paulo, terça-feira, 09 de julho de 2002

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SAÚDE

Pesquisa de cardiologista, feita com 553 pessoas, aponta principais fatores de risco para a doença na região metropolitana

Em SP, fumo e barriga facilitam infarto

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Tabagismo e muita gordura na barriga. São esses os principais fatores isolados de risco para infarto agudo do miocárdio na região metropolitana de São Paulo.
Pressão arterial e colesterol "ruim" (o LDL) acima do normal ficam em terceiro e quarto lugar na hierarquia de risco para o problema, mostrou trabalho do cardiologista Álvaro Avezum, 39, diretor-executivo do Centro Coordenador Brasileiro de Estudos Clínicos do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia da capital.
O infarto do miocárdio é a "morte" do músculo cardíaco causada pela obstrução de uma artéria coronária. De acordo com Avezum, até a conclusão do levantamento, sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo, não existiam dados nacionais sobre o assunto no país. "O que se fazia era extrapolar dados das Américas Central e do Norte".
Os resultados, apresentados no fim de junho, servirão para "guiar" campanhas de prevenção do governo, o trabalho dos médicos e também o comportamento de quem quer se prevenir.
O estudo foi realizado com pacientes de 12 hospitais públicos e privados. De acordo com Avezum, a amostra de 553 pessoas (271 que já tinham sofrido um infarto e 282 sem a doença, os casos-controle) é representativa para a população da área (17,8 milhões de pessoas em 2000).
O estudo de fatores de risco pode ser feito de duas maneiras: pelo acompanhamento por um longo período de pessoas que nasceram sadias ou com o método que utiliza o caso-controle, paciente saudável que é comparado com o portador da doença.
O risco para infarto do miocárdio é 5,86 vezes maior entre pessoas que fumam mais de cinco cigarros por dia. "Mas isso não significa que quem fuma menos não tem risco", diz o médico. O tabaco "facilita" a adesão de placas de gordura nas artérias. Coágulos de sangue podem ficar presos em pequenas rachaduras nas placas, o que "fecha" o vaso.
Já os altos índices de gordura abdominal (divisão da circunferência da cintura pela do quadril), levam a um risco 4,27 vezes maior do problema. Eles estão associados a uma disfunção metabólica que altera a quantidade de gorduras no sangue. A barriga também é relacionada à trombose (coágulos nos vasos).
Os fatores de risco são similares em estudos em vários locais do mundo. O que muda é sua hierarquia. Em alguns países europeus, o diabetes é o primeiro fator de risco para o infarto do miocárdio.
Os fatores que apareceram no estudo têm grande importância na população da região. Estima-se que 18% da população do Estado fume. Doenças das artérias coronárias são hoje a principal causa de morte no Sul e Sudeste, e o infarto do miocárdio é a mais frequente. Em 1998, houve 181 mil internações por causa do problema no Estado de São Paulo. Na década de 90, o IAM e outras doenças em que há bloqueio do sangue no coração causaram cerca de 30% das mortes do país.



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