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SAÚDE
Pesquisa de cardiologista, feita com 553 pessoas, aponta principais fatores de risco para a doença na região metropolitana
Em SP, fumo e barriga facilitam infarto
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Tabagismo e muita gordura na
barriga. São esses os principais fatores isolados de risco para infarto agudo do miocárdio na região
metropolitana de São Paulo.
Pressão arterial e colesterol
"ruim" (o LDL) acima do normal
ficam em terceiro e quarto lugar
na hierarquia de risco para o problema, mostrou trabalho do cardiologista Álvaro Avezum, 39, diretor-executivo do Centro Coordenador Brasileiro de Estudos
Clínicos do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia da capital.
O infarto do miocárdio é a
"morte" do músculo cardíaco
causada pela obstrução de uma
artéria coronária. De acordo com
Avezum, até a conclusão do levantamento, sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo,
não existiam dados nacionais sobre o assunto no país. "O que se
fazia era extrapolar dados das
Américas Central e do Norte".
Os resultados, apresentados no
fim de junho, servirão para
"guiar" campanhas de prevenção
do governo, o trabalho dos médicos e também o comportamento
de quem quer se prevenir.
O estudo foi realizado com pacientes de 12 hospitais públicos e
privados. De acordo com Avezum, a amostra de 553 pessoas
(271 que já tinham sofrido um infarto e 282 sem a doença, os casos-controle) é representativa para a
população da área (17,8 milhões
de pessoas em 2000).
O estudo de fatores de risco pode ser feito de duas maneiras: pelo
acompanhamento por um longo
período de pessoas que nasceram
sadias ou com o método que utiliza o caso-controle, paciente saudável que é comparado com o
portador da doença.
O risco para infarto do miocárdio é 5,86 vezes maior entre pessoas que fumam mais de cinco cigarros por dia. "Mas isso não significa que quem fuma menos não
tem risco", diz o médico. O tabaco
"facilita" a adesão de placas de
gordura nas artérias. Coágulos de
sangue podem ficar presos em pequenas rachaduras nas placas, o
que "fecha" o vaso.
Já os altos índices de gordura
abdominal (divisão da circunferência da cintura pela do quadril),
levam a um risco 4,27 vezes maior
do problema. Eles estão associados a uma disfunção metabólica
que altera a quantidade de gorduras no sangue. A barriga também
é relacionada à trombose (coágulos nos vasos).
Os fatores de risco são similares
em estudos em vários locais do
mundo. O que muda é sua hierarquia. Em alguns países europeus,
o diabetes é o primeiro fator de
risco para o infarto do miocárdio.
Os fatores que apareceram no
estudo têm grande importância
na população da região. Estima-se que 18% da população do Estado fume. Doenças das artérias coronárias são hoje a principal causa de morte no Sul e Sudeste, e o infarto do miocárdio é a mais frequente. Em 1998, houve 181 mil
internações por causa do problema no Estado de São Paulo. Na
década de 90, o IAM e outras doenças em que há bloqueio do
sangue no coração causaram cerca de 30% das mortes do país.
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