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Nova gestão da UNE defende invasões
Para a presidente Lúcia Stumpf, ocupação em universidades é "um formato legítimo de manifestação dos estudantes"
"A UNE nos próximos dois anos vai ser a UNE da ocupação das universidades públicas", disse ela, eleita ontem com 72% dos votos
ANA PAULA RIBEIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
A nova gestão da UNE (União
Nacional dos Estudantes) promete trabalhar nos próximos
dois anos para retomar a trajetória de luta que caracterizou a
entidade no passado. Para isso,
quer intensificar as passeatas e
manifestações, o que inclui a
invasão de universidades públicas como forma de reivindicar
melhorias no ensino.
"A UNE nos próximos dois
anos vai ser a UNE da ocupação
das universidades públicas",
afirmou Lúcia Stumpf, presidente eleita ontem, para 8.000
estudantes em Brasília. Lucia
teve 1.802 votos, o que corresponde a 72% do total de 2.493.
Em junho, estudantes conseguiram ocupar as instalações
de algumas universidades públicas. Na USP (Universidade
de São Paulo), a invasão da reitoria durou 50 dias.
De acordo com Lúcia, a agenda da Jornada Nacional de Lutas, marcada para agosto, ainda
não está definida, mas ela afirmou que novas ocupações são
uma alternativa da entidade.
"Não descartamos as ocupações. A ocupação é um formato
legítimo de reivindicação. É um
formato legítimo de manifestação dos estudantes. Vamos
amadurecer essa idéia ao longo
dos próximos meses durante a
organização da jornada."
A jornada de lutas foi aprovada no 50º Congresso da UNE,
encerrado ontem. Ela será feita
em conjunto com movimentos
sociais e servirá para comemorar os 70 anos da instituição.
As manifestações de agosto
serão focadas em quatro pontos. O primeiro deles é acabar
com o que a UNE chama de "liberdades dos reitores" das universidades particulares.
Os estudantes irão propor
que os reajustes sejam feitos
em consenso com a comunidade acadêmica. Querem também uma maior participação
do movimento estudantil nas
instituições privadas.
Do setor público, querem a
ampliação do número de vagas
e a abertura de novas faculdades federais. Pedem também
que sejam ampliados os recursos disponíveis para a assistência estudantil (moradia, alimentação e creches).
Por último, defendem mudanças na política econômica,
com a demissão do presidente
do Banco Central, Henrique
Meirelles, e a redução da taxa
de juros. "Sem demitir o Henrique Meirelles, a gente não vai
ter como exigir um financiamento maior para o ensino público. O governo não vai ter como dar mais verbas", defende
Lúcia. Além da pauta de reivindicações da jornada, a nova direção promete atender a outras
demandas não estudantis.
A UNE defende um sistema
de cotas sociais para as vagas
nas universidades públicas,
com 50% delas destinada a estudantes de escolas públicas.
Dentro dessas vagas, se faria
um recorte racial tendo como
base os critérios do IBGE.
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