São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2007

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Nova gestão da UNE defende invasões

Para a presidente Lúcia Stumpf, ocupação em universidades é "um formato legítimo de manifestação dos estudantes"

"A UNE nos próximos dois anos vai ser a UNE da ocupação das universidades públicas", disse ela, eleita ontem com 72% dos votos

ANA PAULA RIBEIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA

A nova gestão da UNE (União Nacional dos Estudantes) promete trabalhar nos próximos dois anos para retomar a trajetória de luta que caracterizou a entidade no passado. Para isso, quer intensificar as passeatas e manifestações, o que inclui a invasão de universidades públicas como forma de reivindicar melhorias no ensino.
"A UNE nos próximos dois anos vai ser a UNE da ocupação das universidades públicas", afirmou Lúcia Stumpf, presidente eleita ontem, para 8.000 estudantes em Brasília. Lucia teve 1.802 votos, o que corresponde a 72% do total de 2.493.
Em junho, estudantes conseguiram ocupar as instalações de algumas universidades públicas. Na USP (Universidade de São Paulo), a invasão da reitoria durou 50 dias.
De acordo com Lúcia, a agenda da Jornada Nacional de Lutas, marcada para agosto, ainda não está definida, mas ela afirmou que novas ocupações são uma alternativa da entidade.
"Não descartamos as ocupações. A ocupação é um formato legítimo de reivindicação. É um formato legítimo de manifestação dos estudantes. Vamos amadurecer essa idéia ao longo dos próximos meses durante a organização da jornada."
A jornada de lutas foi aprovada no 50º Congresso da UNE, encerrado ontem. Ela será feita em conjunto com movimentos sociais e servirá para comemorar os 70 anos da instituição.
As manifestações de agosto serão focadas em quatro pontos. O primeiro deles é acabar com o que a UNE chama de "liberdades dos reitores" das universidades particulares.
Os estudantes irão propor que os reajustes sejam feitos em consenso com a comunidade acadêmica. Querem também uma maior participação do movimento estudantil nas instituições privadas.
Do setor público, querem a ampliação do número de vagas e a abertura de novas faculdades federais. Pedem também que sejam ampliados os recursos disponíveis para a assistência estudantil (moradia, alimentação e creches).
Por último, defendem mudanças na política econômica, com a demissão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e a redução da taxa de juros. "Sem demitir o Henrique Meirelles, a gente não vai ter como exigir um financiamento maior para o ensino público. O governo não vai ter como dar mais verbas", defende Lúcia. Além da pauta de reivindicações da jornada, a nova direção promete atender a outras demandas não estudantis.
A UNE defende um sistema de cotas sociais para as vagas nas universidades públicas, com 50% delas destinada a estudantes de escolas públicas. Dentro dessas vagas, se faria um recorte racial tendo como base os critérios do IBGE.


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