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Senado libera transporte por mototáxi
Projeto aprovado ontem pelo plenário segue agora para a sanção do presidente Lula; tendência é que não seja vetado
Texto também regulamenta as atividades de motoboys e motofretistas; especialistas temem que ocorra um aumento de acidentes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O plenário do Senado aprovou ontem projeto que regulamenta a profissão dos mototaxistas e que deve incentivar a
expansão da atividade no país.
A medida preocupa a maior
parte dos especialistas em segurança viária, que temem pelo
aumento de acidentes devido
ao uso da motocicleta no transporte público de passageiros.
O mototáxi já existe em mais
da metade dos municípios do
país, mas enfrenta um obstáculo jurídico para a sua proliferação: parte do Judiciário considerava a atividade ilegal pela
ausência de normas nacionais.
O texto aprovado no Senado
-e que também regulamenta a
profissão dos motoboys, que fazem entrega de mercadorias-
seguirá agora para sanção do
presidente Lula (PT). A tendência é que não seja vetado.
Mesmo se for sancionado, caberá a cada Câmara ou prefeitura do país definir os lugares
que poderão ter mototáxi.
A Fenamoto (Federação dos
Mototaxistas e Motoboys do
Brasil) prevê que a oficialização
da profissão deverá dobrar,
dentro de um ano e meio, a
quantidade de 500 mil mototaxistas e de 10 milhões de usuários desse transporte por dia.
Técnicos avaliam que ela deve se expandir até na periferia
de metrópoles como São Paulo.
A expansão das motocicletas
é uma das principais preocupações da segurança viária no
país: em dez anos, a frota desses
veículos quadruplicou, e as
mortes de motociclistas aumentaram mais de 800%, atingindo 19 por dia em 2006.
Regras claras
Os defensores do projeto do
mototáxi alegam que a regulamentação ajuda a fixar regras
claras até para permitir uma
fiscalização dessa atividade
-bem como para os motoboys
e para os motofretistas.
O projeto aprovado no Senado prevê que a profissão só poderá ser exercida por maiores
de 21 anos que tenham carteira
de habilitação por, pelo menos,
dois anos na categoria.
O relator do projeto e principal articulador da aprovação,
senador Expedito Filho (PR-RO), disse que a idade de 21
anos é para evitar que pessoas
sem experiência de direção
exerçam a profissão. Parte da
base eleitoral dele em Rondônia é de mototaxistas.
Também será exigido do profissional aprovação em curso
especializado, nos termos da
regulamentação do Contran
(Conselho Nacional de Trânsito), e colete de segurança com
dispositivos retrorrefletivos.
A votação no plenário foi
acompanhada por motoboys. O
Ministério do Trabalho afirma
que há hoje no país 2,5 milhões
de profissionais que trabalham
na informalidade com motos
pela falta de regulamentação.
O Ministério da Saúde se posicionou contra a aprovação do
projeto. Um dos motivos é a
utilização coletiva do capacete
nos mototáxis. Para os senadores, porém, uma touca descartável pode se tornar obrigatória
por decisão do Contran.
O projeto também regulamenta os motovigias (motociclistas contratados por grupos
de moradores para circular pelas ruas à noite), criando a exigência de identificação do profissional, bem como a comprovação de residência e as certidões negativas das varas criminais "para dar tranquilidade
aos moradores assistidos".
Essas cautelas, segundo a
justificativa do projeto, visam
evitar que as pessoas se sintam
constrangidas a remunerar esses motociclistas pelo temor de
sofrer represálias.
Os taxistas que trabalham
com transporte remunerado de
mercadoria (motofrete) terão
que instalar na motocicleta
protetor de motor mata-cachorro, fixado no chassi do veículo, destinado a proteger a
motocicleta e a perna em caso
de tombamento.
O projeto define que o motofrete carrega mercadorias, como galão de água, e o motoboy,
documentos. O mototáxi não
pode ser usado no transporte
escolar. Uma emenda chegou a
ser apresentada ao projeto neste sentido, mas não foi acatada
pelo relator.
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