São Paulo, quinta-feira, 09 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-médico é condenado a 30 anos por mortes

Marcelo Caron, ex-cirurgião plástico, chorou na leitura da sentença em Taguatinga, no DF; 2 pacientes morreram após cirurgia

Familiares das vítimas comemoraram a decisão do júri, mas ficaram frustrados com o fato de que ele poderá recorrer em liberdade


LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-médico Marcelo Caron foi condenado ontem a 30 anos de prisão (29 anos em regime fechado e 1 em regime aberto) pela morte de duas ex-pacientes, que se submeteram a cirurgias plásticas em 2002.
O julgamento, no Tribunal do Júri de Taguatinga (DF), acabou de madrugada, quase 16 horas após o início. Caron poderá recorrer da sentença em liberdade -a defesa informou que tentará reverter a decisão.
O ex-médico chorou na leitura da sentença. Parentes das vítimas se emocionaram e disseram que a decisão era "a primeira vitória". Mas ficaram frustrados com o fato de Caron poder recorrer em liberdade.
"A gente quer é cadeia", disse Tereza Murta, mãe da estudante Graziela Murta, 26. "Queremos que a Justiça resolva isso logo", afirmou Onília dos Santos, irmã da servidora pública Adcélia Martins de Souza, 39.
A sentença foi por dois homicídios dolosos qualificados com motivo torpe -um deles com omissão de socorro- e exercício ilegal de medicina.
O júri considerou que Caron foi omisso no caso de Graziela, internada com infecção generalizada após lipoaspiração. A Promotoria alegou que ele não prestou o devido socorro à estudante -ela reclamou de dores insuportáveis por mais de uma semana após a cirurgia, e Caron chegou a sugerir à família que se tratava de "manha".
No caso de Adcélia, os jurados entenderam que ele causou lesões em vasos sanguíneos de grosso calibre por conta do "manuseio bruto da cânula de lipoaspiração" (instrumento usado nesse tipo de operação).
Laudo do IML (Instituto Médico Legal) na época apontou que a servidora morreu de hemorragia causada pelas lesões.
No julgamento, ele negou as acusações, inclusive a de ter exercido medicina ilegalmente.
Antes de começar a trabalhar no DF, Caron havia assinado um termo de ajustamento com o Ministério Público de Goiás, comprometendo-se a não fazer mais cirurgias até uma decisão do Conselho Regional de Medicina. Na época, já havia sido apontado como responsável pela morte de outras duas mulheres -em abril foi condenado em um dos casos, mas recorreu.


Texto Anterior: Foco: Após restauro, igreja do centro de São Paulo ficará aberta 24 horas por dia
Próximo Texto: Projeto dá a secretário controle direto sobre corregedoria da polícia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.