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Ex-médico é condenado a 30 anos por mortes
Marcelo Caron, ex-cirurgião plástico, chorou na leitura da sentença em Taguatinga, no DF; 2 pacientes morreram após cirurgia
Familiares das vítimas comemoraram a decisão do júri, mas ficaram frustrados com o fato de que ele poderá recorrer em liberdade
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-médico Marcelo Caron
foi condenado ontem a 30 anos
de prisão (29 anos em regime
fechado e 1 em regime aberto)
pela morte de duas ex-pacientes, que se submeteram a cirurgias plásticas em 2002.
O julgamento, no Tribunal
do Júri de Taguatinga (DF),
acabou de madrugada, quase 16
horas após o início. Caron poderá recorrer da sentença em
liberdade -a defesa informou
que tentará reverter a decisão.
O ex-médico chorou na leitura da sentença. Parentes das vítimas se emocionaram e disseram que a decisão era "a primeira vitória". Mas ficaram
frustrados com o fato de Caron
poder recorrer em liberdade.
"A gente quer é cadeia", disse
Tereza Murta, mãe da estudante Graziela Murta, 26. "Queremos que a Justiça resolva isso
logo", afirmou Onília dos Santos, irmã da servidora pública
Adcélia Martins de Souza, 39.
A sentença foi por dois homicídios dolosos qualificados com
motivo torpe -um deles com
omissão de socorro- e exercício ilegal de medicina.
O júri considerou que Caron
foi omisso no caso de Graziela,
internada com infecção generalizada após lipoaspiração. A
Promotoria alegou que ele não
prestou o devido socorro à estudante -ela reclamou de dores insuportáveis por mais de
uma semana após a cirurgia, e
Caron chegou a sugerir à família que se tratava de "manha".
No caso de Adcélia, os jurados entenderam que ele causou
lesões em vasos sanguíneos de
grosso calibre por conta do
"manuseio bruto da cânula de
lipoaspiração" (instrumento
usado nesse tipo de operação).
Laudo do IML (Instituto Médico Legal) na época apontou
que a servidora morreu de hemorragia causada pelas lesões.
No julgamento, ele negou as
acusações, inclusive a de ter
exercido medicina ilegalmente.
Antes de começar a trabalhar
no DF, Caron havia assinado
um termo de ajustamento com
o Ministério Público de Goiás,
comprometendo-se a não fazer
mais cirurgias até uma decisão
do Conselho Regional de Medicina. Na época, já havia sido
apontado como responsável
pela morte de outras duas mulheres -em abril foi condenado
em um dos casos, mas recorreu.
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