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Guerra urbana
Ataques do PCC são mais intensos no interior; granada é achada na capital
No segundo dia da nova onda de atentados, o Estado sofreu ao menos 63 ações atribuídas à facção criminosa; na cidade de SP foram 9
Número de suspeitos que foram mortos em confronto com policiais ou guardas municipais subiu de dois, na segunda-feira, para sete
Caio Guatelli/Folha Imagem
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Policial que ajudou a detonar granada na av. Nove de Julho, uma das principais vias de São Paulo |
DA REDAÇÃO
O interior do Estado de São
Paulo foi o principal alvo dos
ataques da facção criminosa
PCC (Primeiro Comando da
Capital) no segundo dia da terceira onda de atentados.
Ontem foram registrados 54
casos no interior -incluindo a
Grande São Paulo- e pelo menos 9 na capital. Anteontem, a
capital teve 63 atentados, e o
interior, 52.
Mas o menor número de
atentados -63 ontem, contra
115 na segunda-feira- não significou menos ousadia nas
ações atribuídas ao grupo criminoso. A polícia achou ontem
uma granada em um dos principais corredores de trânsito de
São Paulo, a avenida Nove de
Julho, por onde passam milhares de veículos diariamente.
O artefato, que foi destruído
pelo esquadrão antibombas,
poderia espalhar estilhaços em
um raio de até 15 metros.
No interior, as ações criminosas foram de ataques a prédios públicos a atentados contra a casa de policiais ou guardas municipais, passando por
ônibus queimados e agências
bancárias danificadas.
Um dos casos mais graves
ocorreu em Sumaré (120 km de
São Paulo). Um coquetel molotov atirado na Câmara Municipal da cidade à 1h de ontem destrui completamente três gabinetes de vereadores e danificou
outros cincos. Os bombeiros levaram 40 minutos para controlar o incêndio.
Em Ibiúna (64 km de SP), um
ônibus com 40 estudantes foi
atacado por três homens encapuzados. Ninguém se feriu,
mas o veículo foi queimado.
"Um fato novo nesses ataques são as cidades do interior.
Até igreja atacaram, o que não
tem sentido", disse o comandante da PM, coronel Elizeu
Eclair Teixeira Borges.
O número de suspeitos mortos em confrontos com policiais ou guardas municipais subiu de dois, na segunda-feira,
para sete. Três dessas mortes
aconteceram em Cotia (Grande
São Paulo) entre a noite de segunda e a madrugada de ontem.
Já o número de suspeitos presos chega a 28 em todo o Estado, segundo a Polícia Militar.
Desses detidos, 12 estão incluídos no cadastro do serviço
de inteligência da Polícia Militar que lista os integrantes e afiliados ao PCC.
Enquanto isso, autoridades
estaduais e federais mantiveram o bate-boca em torno das
ações -e da verba- necessárias para combater o PCC, tendo como pano de fundo a disputa política acirrada pela proximidade das eleições.
Em entrevista à TV Bandeirantes, anteontem à noite, o secretário da Segurança Pública,
Saulo de Castro Abreu Filho,
disse que o PT está por trás dos
ataques. Ontem, o partido do
presidente Luís Inácio Lula da
Silva reagiu dizendo que entrará com uma notícia-crime de
calúnia e difamação contra o
secretário do governador Cláudio Lembo (PFL).
Já o Ministério Público quer
evitar que 138 detentos ligados
ao PCC sejam beneficiados
com a saída temporária do Dia
dos Pais -cerca de 9.000 presos têm direito ao benefício no
Estado de São Paulo.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Rebello Pinho, apresentou ontem a
lista de nomes aos promotores
das varas de execuções criminais de São Paulo, com a recomendação de que eles se mobilizem para evitar a saída desses
condenados.
Os promotores opinam sobre
a concessão do benefício aos
presos incluídos pelos diretores de presídios na relação dos
que preenchem os requisitos
da lei. A decisão cabe ao juiz da
Vara de Execução Criminal da
comarca onde está o presídio.
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