São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

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Guerra urbana

Ataques do PCC são mais intensos no interior; granada é achada na capital

No segundo dia da nova onda de atentados, o Estado sofreu ao menos 63 ações atribuídas à facção criminosa; na cidade de SP foram 9

Número de suspeitos que foram mortos em confronto com policiais ou guardas municipais subiu de dois, na segunda-feira, para sete

Caio Guatelli/Folha Imagem
Policial que ajudou a detonar granada na av. Nove de Julho, uma das principais vias de São Paulo


DA REDAÇÃO

O interior do Estado de São Paulo foi o principal alvo dos ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) no segundo dia da terceira onda de atentados.
Ontem foram registrados 54 casos no interior -incluindo a Grande São Paulo- e pelo menos 9 na capital. Anteontem, a capital teve 63 atentados, e o interior, 52.
Mas o menor número de atentados -63 ontem, contra 115 na segunda-feira- não significou menos ousadia nas ações atribuídas ao grupo criminoso. A polícia achou ontem uma granada em um dos principais corredores de trânsito de São Paulo, a avenida Nove de Julho, por onde passam milhares de veículos diariamente.
O artefato, que foi destruído pelo esquadrão antibombas, poderia espalhar estilhaços em um raio de até 15 metros.
No interior, as ações criminosas foram de ataques a prédios públicos a atentados contra a casa de policiais ou guardas municipais, passando por ônibus queimados e agências bancárias danificadas.
Um dos casos mais graves ocorreu em Sumaré (120 km de São Paulo). Um coquetel molotov atirado na Câmara Municipal da cidade à 1h de ontem destrui completamente três gabinetes de vereadores e danificou outros cincos. Os bombeiros levaram 40 minutos para controlar o incêndio.
Em Ibiúna (64 km de SP), um ônibus com 40 estudantes foi atacado por três homens encapuzados. Ninguém se feriu, mas o veículo foi queimado.
"Um fato novo nesses ataques são as cidades do interior. Até igreja atacaram, o que não tem sentido", disse o comandante da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges.
O número de suspeitos mortos em confrontos com policiais ou guardas municipais subiu de dois, na segunda-feira, para sete. Três dessas mortes aconteceram em Cotia (Grande São Paulo) entre a noite de segunda e a madrugada de ontem. Já o número de suspeitos presos chega a 28 em todo o Estado, segundo a Polícia Militar.
Desses detidos, 12 estão incluídos no cadastro do serviço de inteligência da Polícia Militar que lista os integrantes e afiliados ao PCC.
Enquanto isso, autoridades estaduais e federais mantiveram o bate-boca em torno das ações -e da verba- necessárias para combater o PCC, tendo como pano de fundo a disputa política acirrada pela proximidade das eleições.
Em entrevista à TV Bandeirantes, anteontem à noite, o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, disse que o PT está por trás dos ataques. Ontem, o partido do presidente Luís Inácio Lula da Silva reagiu dizendo que entrará com uma notícia-crime de calúnia e difamação contra o secretário do governador Cláudio Lembo (PFL).
Já o Ministério Público quer evitar que 138 detentos ligados ao PCC sejam beneficiados com a saída temporária do Dia dos Pais -cerca de 9.000 presos têm direito ao benefício no Estado de São Paulo.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Rebello Pinho, apresentou ontem a lista de nomes aos promotores das varas de execuções criminais de São Paulo, com a recomendação de que eles se mobilizem para evitar a saída desses condenados.
Os promotores opinam sobre a concessão do benefício aos presos incluídos pelos diretores de presídios na relação dos que preenchem os requisitos da lei. A decisão cabe ao juiz da Vara de Execução Criminal da comarca onde está o presídio.


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