São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

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Pesquisa faz PSDB reavaliar apoio a militares

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O comando da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência encomendou uma pesquisa para avaliar o que o paulista pensa sobre o uso de tropas federais no Estado. A cargo do coordenador de comunicação, Luiz Gonzalez, o levantamento qualitativo balizará o tom do candidato.
Uma das conclusões é que o eleitor condena a exploração política da crise. Por isso, antes avessos à convocação do Exército, tucanos e pefelistas defendiam ontem a ajuda das Forças Armadas na segurança ao redor de prisões. Muitos lamentavam que o governo do Estado não a tivesse aceito já em maio. Hoje, dois ataques mais tarde, o governo federal seria co-responsável pelo problema.
"É boa essa idéia do Saulo [de o Exército proteger os presídios]", disse o coordenador-geral da campanha de Alckmin, senador Sérgio Guerra (PE).
"Se o Exército substituísse policiais que tomam conta de presídio, permitiria mais policiamento nas ruas", disse o senador José Jorge (PFL-PE), vice na chapa de Alckmin. "Chamar o Exército é sempre bom. No mínimo acalma o outro lado por um tempo", disse o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL).
Um dos consultores da campanha, Antônio Lavareda diz que a "sociedade espera que os poderes interajam para fazer frente ao crime organizado".
O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), resiste, no entanto, à proposta. "Acho bom que eles falem. Numa campanha, surgem todas as idéias. Agora, neste momento, sou eu o governador de São Paulo, assumo minhas responsabilidades", reagiu Lembo, segundo o qual a convocação do Exército significaria submeter o paulista a "situações tão difíceis" como as vividas pelo Rio em 1992. "É que o Saulo é jovem e eu sou velho. Já vi todas as polêmicas que criou o Exército nas ruas. Tinha um sentido de quase angústia da população. É desnecessário."
Segundo Lembo, o jovem Saulo também não deve se lembrar da ditadura. Na opinião do governador, Alckmin "deve estar perplexo mesmo". "Nas vésperas de uma eleição, após ele deixar o governo, surge isso. É para ele fazer reflexão."
Criticando a busca de "conotação política para um drama social", Lembo diz que Alckmin "está fazendo análise de culpa alheia". "Tenho que ser mais equilibrado. Se não, seria péssimo para São Paulo."
"Estou vendo a situação presente e tentando superá-la. Ele está vendo o passado e o futuro, a própria campanha", disse.


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