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Resistência ao Exército convém a Lula
Dúvidas sobre eficácia da utilização das tropas militares no combate ao PCC fazem governo federal temer danos eleitorais
Impacto negativo de um possível insucesso das ações em São Paulo na campanha de reeleição do petista à Presidência é considerado
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A resistência do governo de
Cláudio Lembo (PFL) em aceitar a presença do Exército em
São Paulo é conveniente ao
projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula não gostaria de enviar as
Forças Armadas ao Estado em
plena campanha eleitoral. Só o
fará numa situação extrema, na
qual não tenha como recuar da
oferta feita desde maio, quando
começaram os ataques do PCC.
Lula e seus principais auxiliares se preocupam com a eficácia do Exército no combate à
facção -cujo método mistura
táticas de guerrilha e de terror.
O Planalto teme os efeitos imprevisíveis de uma ação assim
no auge da campanha eleitoral.
A cúpula das Forças Armadas
resiste a esse tipo de operação,
apesar de estar disposta a cumprir as ordens de Lula. Por último, o Planalto e os militares
não aceitariam que as Forças
Armadas ficassem sob comando do secretário da Segurança
de São Paulo, Saulo de Castro
Abreu Filho. Ainda que a lei determine que o comando seja do
governo federal, poderia haver
espaço para uma disputa política em torno do tema.
Ou seja, há uma série de razões de curto prazo que, na avaliação da cúpula do governo federal, inviabilizariam a utilização do Exército na crise. Lula
considera que, terminadas as
eleições, haveria, sim, um cenário mais favorável à eventual
ação militar.
Além da cúpula das Forças
Armadas, o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, tem
posição cautelosa sobre o uso
do Exército -sobretudo em período eleitoral.
Para ele, antes de mandar o
Exército, o mais conveniente
seria o envio de um contingente da FNS (Força Nacional de
Segurança). No caso de decisão
de envio das Forças Armadas, a
Folha apurou que o governo federal colocaria a entrada da
FNS como condição prévia a
uma ação militar.
Mais: o comando da segurança pública teria de ser repartido
entre as autoridades federais e
as estaduais. E caberia às Forças Armadas a palavra final em
relação às ações.
Saulo é fortemente criticado
pelos auxiliares de Lula, que
atribuem parte do fortalecimento do PCC nos últimos
anos (governo do tucano Geraldo Alckmin, candidato a presidente) a uma suposta truculência da política de segurança pública. O secretário rebate dizendo que Lula destinou poucos recursos aos Estados para o
combate à violência.
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