São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

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4 são denunciados por financiar facção

Integrantes do PCC são suspeitos de usar 3 contas bancárias para bancar onda de ataques ocorrida em maio de 2006

Dois membros da facção criminosa e suas mulheres tiveram contas rastreadas por uma equipe de técnicos do Ministério da Justiça

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma ação de investigação inédita do Ministério Público Estadual de São Paulo e do Ministério da Justiça, quatro acusados de ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) foram denunciados à Justiça por usar contas bancárias para lavar dinheiro e financiar ataques contra as forças de segurança de São Paulo, principalmente em maio do ano passado.
A análise da movimentação de três contas bancárias foi realizada pelo Laboratório de Lavagem de Dinheiro do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional) do Ministério da Justiça.
É a primeira denúncia relacionada aos dados de 432 contas bancárias que, em agosto do ano passado, o governo de São Paulo repassou ao Ministério da Justiça para análise.
Foram rastreados depósitos e retiradas feitos entre outubro de 2005 e agosto do ano passado, em um total de R$ 101.773. A partir das três contas, os técnicos do DRCI descobriram outras 73, de onde saíam e para onde iam recursos financeiros da facção criminosa.

Pico
O estudo dos técnicos do Ministério da Justiça apontou que, em maio de 2006, mês em que ocorreu a mais forte das três ondas de violência promovidas pelo PCC em São Paulo, com um saldo de 140 mortes, ocorreu um pico na movimentação financeira das contas.
Segundo o promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro, a maior parte do dinheiro que entrou nas três contas bancárias investigadas pelo DRCI veio da extorsão praticada pelo PCC contra detentos e também do tráfico, principalmente de cocaína, realizado pela facção nas prisões paulistas. Das 144 prisões de São Paulo, ao menos 140 têm ações do PCC.
Para o promotor Carneiro, está claro que o dinheiro das contas bancárias rastreadas até agora vem exclusivamente das ações do PCC realizadas no interior dos presídios.

Denunciados
Um dos quatro denunciados por financiar ataques com dinheiro das contas rastreadas pelo DRCI é Wilson Roberto Cuba, o Rabugento.
Cuba está na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP), onde, segundo a polícia, faz captação de dinheiro com outros criminosos apontados como chefes do PCC para fazer a lavagem desse capital em postos de combustíveis.
O presidiário também já foi acusado de usar os estabelecimentos, sempre registrados em nome de "laranjas", para obter lucros pessoais e contribuir com mais recursos financeiros para o PCC no chamado "bicho-papão", uma espécie de imposto pago pelos integrantes do grupo criminoso.
Além de Cuba e de sua mulher, Carina Aparecida Bueno, o também presidiário Alexandre Euclides Palermo, o Catatau (preso por roubo, furto e receptação), e a mulher dele, Adriana Cortopassi de Assumpção, responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de droga.
Tanto Cuba quanto Palermo usavam, segundo a denúncia da Promotoria à Justiça, telefones celulares clonados, mesmo dentro da prisão, para coordenar as movimentações nas contas abertas nos nomes de suas respectivas mulheres.
Para tentar evitar o rastreamento e não chamar a atenção das autoridades fiscais, já que suas mulheres não tinham renda fixa e não podiam justificar os créditos e débitos em seus nomes, os dois detentos ordenavam que os valores movimentados fossem baixos.


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