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4 são denunciados por financiar facção
Integrantes do PCC são suspeitos de usar 3 contas bancárias para bancar onda de ataques ocorrida em maio de 2006
Dois membros da facção criminosa e suas mulheres tiveram contas rastreadas por uma equipe de técnicos do Ministério da Justiça
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma ação de investigação
inédita do Ministério Público
Estadual de São Paulo e do Ministério da Justiça, quatro acusados de ligação com a facção
criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) foram denunciados à Justiça por usar
contas bancárias para lavar dinheiro e financiar ataques contra as forças de segurança de
São Paulo, principalmente em
maio do ano passado.
A análise da movimentação
de três contas bancárias foi realizada pelo Laboratório de Lavagem de Dinheiro do DRCI
(Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional) do Ministério da Justiça.
É a primeira denúncia relacionada aos dados de 432 contas bancárias que, em agosto do
ano passado, o governo de São
Paulo repassou ao Ministério
da Justiça para análise.
Foram rastreados depósitos
e retiradas feitos entre outubro
de 2005 e agosto do ano passado, em um total de R$ 101.773.
A partir das três contas, os técnicos do DRCI descobriram outras 73, de onde saíam e para
onde iam recursos financeiros
da facção criminosa.
Pico
O estudo dos técnicos do Ministério da Justiça apontou
que, em maio de 2006, mês em
que ocorreu a mais forte das
três ondas de violência promovidas pelo PCC em São Paulo,
com um saldo de 140 mortes,
ocorreu um pico na movimentação financeira das contas.
Segundo o promotor José
Reinaldo Guimarães Carneiro,
a maior parte do dinheiro que
entrou nas três contas bancárias investigadas pelo DRCI
veio da extorsão praticada pelo
PCC contra detentos e também
do tráfico, principalmente de
cocaína, realizado pela facção
nas prisões paulistas. Das 144
prisões de São Paulo, ao menos
140 têm ações do PCC.
Para o promotor Carneiro,
está claro que o dinheiro das
contas bancárias rastreadas até
agora vem exclusivamente das
ações do PCC realizadas no interior dos presídios.
Denunciados
Um dos quatro denunciados
por financiar ataques com dinheiro das contas rastreadas
pelo DRCI é Wilson Roberto
Cuba, o Rabugento.
Cuba está na Penitenciária 2
de Presidente Venceslau (620
km de SP), onde, segundo a polícia, faz captação de dinheiro
com outros criminosos apontados como chefes do PCC para
fazer a lavagem desse capital
em postos de combustíveis.
O presidiário também já foi
acusado de usar os estabelecimentos, sempre registrados em
nome de "laranjas", para obter
lucros pessoais e contribuir
com mais recursos financeiros
para o PCC no chamado "bicho-papão", uma espécie de
imposto pago pelos integrantes
do grupo criminoso.
Além de Cuba e de sua mulher, Carina Aparecida Bueno,
o também presidiário Alexandre Euclides Palermo, o Catatau (preso por roubo, furto e receptação), e a mulher dele,
Adriana Cortopassi de Assumpção, responderão pelos
crimes de lavagem de dinheiro
e tráfico de droga.
Tanto Cuba quanto Palermo
usavam, segundo a denúncia da
Promotoria à Justiça, telefones
celulares clonados, mesmo
dentro da prisão, para coordenar as movimentações nas contas abertas nos nomes de suas
respectivas mulheres.
Para tentar evitar o rastreamento e não chamar a atenção
das autoridades fiscais, já que
suas mulheres não tinham renda fixa e não podiam justificar
os créditos e débitos em seus
nomes, os dois detentos ordenavam que os valores movimentados fossem baixos.
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