São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2008

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AFFONSO FELIPPE GREGORY (1930-2008)

Um olho na cuia e o outro no rebanho

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo após três décadas vivendo a "realidade gritante de pobreza e miséria do Maranhão", na definição de um padre amigo, dom Affonso Gregory mantinha a serenidade e o sotaque de gaúcho de Estrela (RS). "Churrasco e chimarrão são costumes que não abandonou", diz -nem o de meter-se entre os latifundiários em defesa dos pobres.
Não foram poucas as brigas que arrumou em Imperatriz (MA), cidade que o acolheu como bispo (e depois bispo emérito). A cada homilia que fazia, cutucava mais os donos de terra que não toleravam posseiros. "Era muito atento ao seu rebanho."
Afinal, esteve na conferência do episcopado latino-americano em Puebla de los Angeles, no México, onde a igreja reafirmou sua "opção preferencial pelos pobres" -ele que defendia as comunidades de base, que mesmo formado em teologia em Roma e em Sociologia na Bélgica, "com toda bagagem teológica", preferia discutir a partilha do latifúndio.
Desde que deixou o Rio Grande do Sul, dom Gregory foi bispo auxiliar do Rio, presidente da organização Cáritas do Brasil, dentre outras funções na CNBB. Até chegar em Imperatriz e "adotar como sua terra o Maranhão".
E lá quis ser enterrado, logo se soube, ao ler o testamento que deixara. Morreu de leucemia, quarta, aos 78. Seu corpo foi velado na terra natal e trazido de volta ao Maranhão, onde foi sepultado, sob o lema escolhido: "A verdade vos libertará".

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