São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2008

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Tratamento fez "casa ficar de pé", diz mãe que perdeu filha

DA REPORTAGEM LOCAL

A metáfora que Katia Cappellaro, 50, acha para definir o câncer infantil é um vendaval, no qual "os pais só pensam em continuar em cima da casa". Sem um alicerce forte, diz, a casa voa. "É a psicooncologia que garante que ela fique de pé."
Respirando fundo, ela ajeita os cabelos cor de cobre antes de narrar a história. Foi em 1989, quando tinha dois filhos. Ticiane, a mais velha, então com seis anos, começou a olhar diferente. Do oftalmologista veio o alerta e do neurologista a sentença: "Se vocês têm uma religião, rezem. O impossível para o homem não o é para Deus".
Tici tinha um tumor cerebral em uma região difícil de alcançar pela cirurgia -que ela fez, sem resultados. Fez também quimioterapia por seis meses, sem resposta. O câncer crescia e ela começou a ficar estrábica. "Isso é um soco na boca do estômago", diz Katia, que suportou tudo com a ajuda dos psicooncologistas do Centro Infantil Boldrini, em Campinas.
Foi assim que ela enfrentou a queda de cabelo de Tici e seu pedido de passar férias na praia. Katia assumiu os riscos.
Pai e mãe, filho e primos e uma Tici saltitante chegaram a Ubatuba em 3 de janeiro de 1990. "Quando ela entrou na água, disse para a tia: "Hoje é o dia mais feliz da minha vida". Isso é algo que uma mãe não esquece." Tici morreu abraçada com a mãe, cinco dias depois -três antes de fazer oito anos.
"No momento mais difícil da vida, é muito bom ter um suporte para ser mãe até o fim, para dar ao filho o que ele quiser. Pode ter certeza: faria tudo de novo", diz Katia, no consultório onde trabalha como dentista, desde então, no Boldrini. Foi a forma de agradecer. (WV)


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