São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SP gasta R$ 63 mi em quadras malfeitas

Tribunal de Contas relata falhas em escolas estaduais, como colocação de pilares muito próximos às linhas das quadras

Em Limeira, estudante se chocou contra coluna e desmaiou; cobertura que não barra sol e chuva é outro problema

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Sol e chuva em quadras, mesmo depois de cobertas, e risco de acidentes com alunos. Auditoria do Tribunal de Contas encontrou esses problemas num programa do governo de SP que prevê reforma nas escolas estaduais.
O órgão analisou o projeto de cobertura de quadras da Secretaria da Educação, iniciado em 2007 e que consumiu no ano passado R$ 62,6 milhões (equivalente a metade do atual orçamento para informatização de colégios).
Um dos principais problemas relatados foi a colocação de pilares (que sustentam o teto) muito próximos às linhas das quadras.
Há o risco de os alunos baterem nas colunas, como ocorreu na escola Gustavo Piccinini, em Limeira (151 km de São Paulo), no ano passado -um aluno desmaiou após o choque.

AO TEMPO
Técnicos visitaram no ano passado 56 dos 363 colégios que receberam a cobertura em 2009. Além do risco de acidentes, foi constatada ineficácia da obra na maioria dos casos, pois não há anteparos laterais na cobertura.
Assim, as quadras recebem, lateralmente, sol e chuva. O problema foi apontado por 57% dos diretores.
O relatório critica também a condição do piso de diversas quadras, que está irregular; a pintura das linhas, que sai facilmente; e a má situação de traves e tabelas.
A Secretaria da Educação nega que haja risco de choques, pois o projeto prevê recuo entre a quadra e os pilares. Diz, porém, que onde houve constatação de problemas os reparos já foram feitos ou estão em andamento.
Para o tribunal, "a fiscalização realizada pela FDE [braço da secretaria responsável pelas obras] não foi rigorosa" -a pasta contratou empresas para executar os serviços. O órgão destaca que a secretaria contratou oito consórcios, por R$ 34 milhões, justamente para fiscalizar reformas nas escolas.
"O maior problema são os pilares, que trazem sérios riscos aos alunos", diz a analista técnica do Conselho Regional de Educação Física (SP) Carolina Machado d'Ávila.
Segundo ela, o ideal é que haja distância de no mínimo 1,5 m entre a linha da quadra e um anteparo. Em alguns casos analisados, praticamente não há espaço de segurança.
"Mas também é preciso elogiar a iniciativa do governo. É raro haver investimento nas quadras. Só é preciso mais cuidado", disse ela.
Uma das escolas auditadas pelo tribunal, a Djanira Velho, em Ribeirão Preto (313 km de SP), ainda tem rachaduras no piso e o fundo da quadra molha quando chove, conforme verificou a Folha em visita.
Ainda assim, a diretora comemora a obra. "Via os alunos na quadra, ao meio-dia, vermelhos por causa do sol. Para nós, agora está ótimo", disse Maria Lúcia Gabriel.


Colaborou JULIANA COISSI


Texto Anterior: Outro lado: Gol diz orientar colaboradores a cumprir normas
Próximo Texto: Análise: Deficiências representam falta de zelo com patrimônio e com próprio público
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.