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RODOVIAS PRIVATIZADAS
Estado nega falta de prioridade a pedestre e diz que contrato permite ampliar número de obras
Comissão poderá exigir mais passarelas
DA REPORTAGEM LOCAL
O coordenador administrativo
e financeiro da Comissão de Concessões da Secretaria dos Transportes, Manuel Bandeira, admite
a necessidade de construir mais
passarelas nas rodovias paulistas,
mas nega que a segurança dos pedestres tenha sido relegada a segundo plano entre as exigências
do governo do Estado.
"A passarela tem um custo muito pequeno em relação ao volume
de obras. Não existe essa história
de não fazer passarela porque não
tem dinheiro", diz. "Mas você não
consegue, em um prazo curto de
tempo, executar todas as obras simultaneamente. Elas têm que ser
feitas dentro de um ritmo."
Bandeira ressalta que, embora
todos os pontos críticos não tenham sido atendidos, a quantidade de passarelas cadastradas subiu de 13 para 59 nos últimos três
anos. Ele diz que há cláusulas contratuais que permitem a construção de passarelas acima da quantidade fixada inicialmente.
"O programa foi montado em
1995. Na época, foram identificados esses 114 pontos críticos. É
evidente que, ao longo desses
anos, novas necessidades surgiram. Mas não está descartada a
hipótese de fazer ainda mais passarelas. Toda vez que for identificado um volume de pedestres que
ultrapassa aquilo que é definido
como ideal, as concessionárias
vão ser obrigadas pelo governo do
Estado a bancar essas obras."
Ele afirma que parte das 46 passarelas entregues até agora estão
fora dos trechos estabelecidos três
anos atrás e que algumas foram
feitas antes dos prazos contratuais, mas não sabe dizer se esse
número está abaixo da meta do
Programa de Concessões.
Segundo ele, "é provável" que
dentro de quatro anos todas as 114
passarelas previstas nos contratos
de 20 anos estejam concluídas.
Pesquisa
O coordenador administrativo e
financeiro da Comissão de Concessões diz que a pesquisa realizada em junho pelo instituto Indago, que aponta a insatisfação dos
usuários em relação às passarelas,
é "um belo sinalizador" para que
sejam propostas mudanças no
cronograma de obras.
"O resultado da pesquisa está
sendo discutido com cada concessionária. Se a gente verificar
que existe uma necessidade imediata, algumas passarelas podem
ser antecipadas", diz Bandeira.
Segundo ele, as concessionárias
estão dispostas a colaborar porque a morte de pedestres é algo
extremamente negativo do ponto
de vista de marketing.
"Mas há muitos casos que ninguém consegue evitar. É muito
comum as pessoas morrerem debaixo das passarelas, talvez por
uma questão de cultura, de costume, de comodismo."
O coordenador da Comissão de
Concessões diz ainda que a segurança no trânsito é prioridade do
programa e que não se restringe à
construção de passarelas. "Há
uma série de medidas, como as
campanhas educativas."
Embora defendam as passarelas, os especialistas em transporte
concordam que essa medida não
pode ser isolada. "É preciso criar
uma lei mais rigorosa para evitar
construções na beira da estrada",
afirma Adriano Branco, ex-secretário dos Transportes.
"Muitos municípios são permissivos em relação ao uso do solo. Tem que haver controle para
evitar que os pedestres morem de
um lado, enquanto os serviços estão do outro lado da rodovia. A
culpa também é dos municípios",
diz Eduardo Davos, presidente da
Associação Brasileira de Pedestres.
(ALENCAR IZIDORO)
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