São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2001

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RODOVIAS PRIVATIZADAS

Estado nega falta de prioridade a pedestre e diz que contrato permite ampliar número de obras

Comissão poderá exigir mais passarelas

DA REPORTAGEM LOCAL

O coordenador administrativo e financeiro da Comissão de Concessões da Secretaria dos Transportes, Manuel Bandeira, admite a necessidade de construir mais passarelas nas rodovias paulistas, mas nega que a segurança dos pedestres tenha sido relegada a segundo plano entre as exigências do governo do Estado.
"A passarela tem um custo muito pequeno em relação ao volume de obras. Não existe essa história de não fazer passarela porque não tem dinheiro", diz. "Mas você não consegue, em um prazo curto de tempo, executar todas as obras simultaneamente. Elas têm que ser feitas dentro de um ritmo."
Bandeira ressalta que, embora todos os pontos críticos não tenham sido atendidos, a quantidade de passarelas cadastradas subiu de 13 para 59 nos últimos três anos. Ele diz que há cláusulas contratuais que permitem a construção de passarelas acima da quantidade fixada inicialmente.
"O programa foi montado em 1995. Na época, foram identificados esses 114 pontos críticos. É evidente que, ao longo desses anos, novas necessidades surgiram. Mas não está descartada a hipótese de fazer ainda mais passarelas. Toda vez que for identificado um volume de pedestres que ultrapassa aquilo que é definido como ideal, as concessionárias vão ser obrigadas pelo governo do Estado a bancar essas obras."
Ele afirma que parte das 46 passarelas entregues até agora estão fora dos trechos estabelecidos três anos atrás e que algumas foram feitas antes dos prazos contratuais, mas não sabe dizer se esse número está abaixo da meta do Programa de Concessões.
Segundo ele, "é provável" que dentro de quatro anos todas as 114 passarelas previstas nos contratos de 20 anos estejam concluídas.

Pesquisa
O coordenador administrativo e financeiro da Comissão de Concessões diz que a pesquisa realizada em junho pelo instituto Indago, que aponta a insatisfação dos usuários em relação às passarelas, é "um belo sinalizador" para que sejam propostas mudanças no cronograma de obras.
"O resultado da pesquisa está sendo discutido com cada concessionária. Se a gente verificar que existe uma necessidade imediata, algumas passarelas podem ser antecipadas", diz Bandeira.
Segundo ele, as concessionárias estão dispostas a colaborar porque a morte de pedestres é algo extremamente negativo do ponto de vista de marketing.
"Mas há muitos casos que ninguém consegue evitar. É muito comum as pessoas morrerem debaixo das passarelas, talvez por uma questão de cultura, de costume, de comodismo."
O coordenador da Comissão de Concessões diz ainda que a segurança no trânsito é prioridade do programa e que não se restringe à construção de passarelas. "Há uma série de medidas, como as campanhas educativas."
Embora defendam as passarelas, os especialistas em transporte concordam que essa medida não pode ser isolada. "É preciso criar uma lei mais rigorosa para evitar construções na beira da estrada", afirma Adriano Branco, ex-secretário dos Transportes.
"Muitos municípios são permissivos em relação ao uso do solo. Tem que haver controle para evitar que os pedestres morem de um lado, enquanto os serviços estão do outro lado da rodovia. A culpa também é dos municípios", diz Eduardo Davos, presidente da Associação Brasileira de Pedestres. (ALENCAR IZIDORO)



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