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Para o Procon, programa tem de ser obrigatório
Remédios fracionados não são do interesse da indústria
farmacêutica, afirmam órgãos de defesa do consumidor
Grandes redes de farmácia e drogaria não vendem o produto; órgãos públicos também não souberam informar onde comprar
DA REPORTAGEM LOCAL
Para os órgãos de defesa do
consumidor, o programa do remédio fracionado só sairá do
papel quando se tornar obrigatório no país. "Tanto a indústria farmacêutica quanto as farmácias estão lucrando com o
sistema vigente hoje e não vão
mudar de atitude a menos que
sejam obrigadas", afirma o sanitarista Sesifredo Paz, consultor do Idec (Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor).
O risco dessa medida é as empresas repassarem para o consumidor o ônus das mudanças
que dizem ser necessárias para
o fracionamento, avalia a técnica do Procon Renata Molina.
"Se isso acontecer, a vantagem econômica do fracionamento deixa de existir", afirma.
De acordo com Molina, a atual
falta de obrigatoriedade do fracionamento impossibilita
ações dos órgãos em prol dos
consumidores.
Paz e Molina defendem a realização de uma ampla campanha de conscientização da população e dos médicos sobre a
política de fracionamento. "O
consumidor não está cobrando
porque nem sabe que o fracionamento existe", afirma Paz.
Não encontra
O consumidor interessado
em obter medicamentos fracionados dificilmente conseguirá
saber onde comprar o produto.
A Folha procurou seis das
maiores redes de farmácias e
drogarias do país -Droga Raia,
Drogaria São Paulo, Drogasil,
Farmais, Onofre e Drogão-, e a
resposta foi unânime: não se
trabalha com fracionados.
O Drogão, por exemplo, diz
que "aguarda melhor definição
e regulamentação do sistema".
As redes afirmam que não há
procura e que a medida "não
decolou".
Consumidores
A reportagem tentou, como
um consumidor comum, descobrir com órgãos públicos onde seria possível encontrar determinado remédio fracionado.
No site da Anvisa, uma página especial sobre remédios fracionados diz: "Agora, as farmácias e as drogarias de todo o
Brasil poderão oferecer os remédios que seu médico recomendou na forma fracionada".
Ali está o telefone do Disque
Saúde. O serviço, porém, não
soube dizer em quais farmácias
poderia ser encontrado o tal
medicamento.
Foi dado, então, o número do
Centro de Vigilância Sanitária
de São Paulo. Também não foi
possível obter a informação.
Encaminhada para a Covisa
(Coordenadoria de Vigilância
em Saúde da prefeitura), a reportagem falou com quatro diferentes pessoas, em diferentes
áreas, que não puderam dizer
onde se encontraria um medicamento fracionado.
De volta ao interlocutor de
origem da coordenadoria, a
procura chegou ao fim: "Não sei
te informar. E não sei mais para
onde poderia te passar".
(CLÁUDIA COLLUCCI E CONSTANÇA TATSCH)
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