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Moradores do local lamentam revogação de reconhecimento
DO ENVIADO A MANGARATIBA (RJ)
Só durou um dia a alegria dos
descendentes de escravos que
ainda moram ou freqüentam a
Ilha da Marambaia para visitar
parentes. No dia 13 de agosto,
eles comemoraram a portaria
do Incra que os reconhecia como remanescentes de quilombolas. No dia seguinte, com a
revogação, veio o choro.
Ex-morador, o taxista Bertolino de Lima Filho, 46, contou
que, ao ser informado por amigos sobre a primeira portaria,
correu para avisar a mãe,
Henriqueta Camila de Lima,
88. Como o filho, ela teve que
deixar o local porque a Marinha
impedia a recuperação da casa
da família, que ameaçava desabar. "No dia seguinte, tive que
me desculpar com ela. Ela só teve forças para perguntar: "Será
que antes de morrer eu voltarei
para a minha casa?'", disse ele,
que mora no Rio.
Nascido na Marambaia, o
pescador Dionato de Lima Eugênio, 64, o Naná, é obrigado a
remar por pelo menos 30 minutos para chegar ao ponto em
que a Marinha permite a colocação de redes.
"Mesmo assim, tem vezes
que os barcos deles passam de
propósito nas nossas redes e
carregam tudo." Por causa da
proibição de trabalhar nos pontos piscosos da região, Naná,
que ainda mora lá, não consegue por mês nem o equivalente
a um salário mínimo (R$
350).
(ST)
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