São Paulo, sábado, 09 de setembro de 2006

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Moradores do local lamentam revogação de reconhecimento

DO ENVIADO A MANGARATIBA (RJ)

Só durou um dia a alegria dos descendentes de escravos que ainda moram ou freqüentam a Ilha da Marambaia para visitar parentes. No dia 13 de agosto, eles comemoraram a portaria do Incra que os reconhecia como remanescentes de quilombolas. No dia seguinte, com a revogação, veio o choro.
Ex-morador, o taxista Bertolino de Lima Filho, 46, contou que, ao ser informado por amigos sobre a primeira portaria, correu para avisar a mãe, Henriqueta Camila de Lima, 88. Como o filho, ela teve que deixar o local porque a Marinha impedia a recuperação da casa da família, que ameaçava desabar. "No dia seguinte, tive que me desculpar com ela. Ela só teve forças para perguntar: "Será que antes de morrer eu voltarei para a minha casa?'", disse ele, que mora no Rio.
Nascido na Marambaia, o pescador Dionato de Lima Eugênio, 64, o Naná, é obrigado a remar por pelo menos 30 minutos para chegar ao ponto em que a Marinha permite a colocação de redes.
"Mesmo assim, tem vezes que os barcos deles passam de propósito nas nossas redes e carregam tudo." Por causa da proibição de trabalhar nos pontos piscosos da região, Naná, que ainda mora lá, não consegue por mês nem o equivalente a um salário mínimo (R$ 350). (ST)


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