São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

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opinião

Autores de ação não conhecem contexto da arte

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Protestar contra a comercialização da arte por parte de galerias de arte é desconhecer o papel que esses espaços exerceram e exercem como local de experimentação e não apenas pelo valor mercantil que imprimem ao circuito.
Foram em galerias comerciais que algumas das mais radicais ações na história da arte aconteceram, como a performance de Vito Acconci, na Sonnabend Gallery, em Nova York, em 1972, quando o artista se masturbava sob um tablado por seis horas.
A ação foi considerada tão importante que foi reencenada, há dois anos, por Marina Abramovic no Guggenheim de Nova York. Sem galerias "comerciais" a história da performance, modalidade que pode ser considerada tão alternativa quanto o grafite, seria diferente.
A Choque Cultural é hoje um local já estabelecido que faz esse tipo de intermediação, isso é, incorpora uma ação artística mais radical, como o grafite, que tem na rua sua origem, ao espaço mais convencional da arte, o chamado cubo branco, que sempre precisa de renovação.
Uma ação de "pixação" tem um caráter muito mais oportunista. Trata-se de uma ação vazia, de quem não conhece o contexto da arte, mas está é em busca de 15 minutos de fama, como dizia Andy Warhol, outro artista que sabia usar o espaço comercial para repensá-lo.


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