São Paulo, quarta-feira, 09 de setembro de 2009

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HEYRTON BESSA (1937-2009)

Autodidata, o professor de física já sabia ler aos 4 anos

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando aos quatro anos Heyrton leu os nomes de uma placa de rua, sem nunca ter tido uma aula na vida, disse à família surpresa: "Ih, eu já sei fazer isso há tempos".
O menino também aprendeu sozinho a fazer contas de somar difíceis e virou a atração do bairro onde morava, na pequena Sena Madureira (no Acre). O pai, orgulhoso, o exibia aos vizinhos, pedindo a ele o resultado de somas cada vez mais complexas.
Um pouco mais velho, passou a tocar violão e piano "de ouvido", conta a filha Clélia.
Graduado em química e com mestrado em física na Unicamp, ganhou a vida dando aulas de física na Universidade Federal do Amazonas.
Ao se aposentar, criou (outra vez sozinho) um site para reunir a família Bessa espalhada pelo mundo -ele mesmo já morava em Niterói.
A página virtual, que existe há dez anos, é uma espécie de precursora das redes como o Orkut, onde os 376 familiares cadastrados compartilham informações, fotos e vídeos.
Sempre tranquilo, o professor ficou muito abalado no ano passado quando a filha Clélia descobriu um tumor.
Em seguida, ele soube que tinha a doença no pulmão.
No mesmo dia em que ela operava o tumor, ele fazia a primeira sessão de quimioterapia. Dizia à filha, quando ela se preocupava: "Cuida do seu câncer que eu cuido do meu".
Clélia curou-se. Heyrton morreu aos 72 anos na última quinta, em casa, cercado da família. Deixou a mulher com quem se casara há 48 anos, três filhos e seis netos.

coluna.obituario@uol.com.br


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