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HEYRTON BESSA (1937-2009)
Autodidata, o professor de física já sabia ler aos 4 anos
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando aos quatro anos
Heyrton leu os nomes de uma
placa de rua, sem nunca ter tido uma aula na vida, disse à
família surpresa: "Ih, eu já sei
fazer isso há tempos".
O menino também aprendeu sozinho a fazer contas de
somar difíceis e virou a atração do bairro onde morava, na
pequena Sena Madureira (no
Acre). O pai, orgulhoso, o exibia aos vizinhos, pedindo a ele
o resultado de somas cada vez
mais complexas.
Um pouco mais velho, passou a tocar violão e piano "de
ouvido", conta a filha Clélia.
Graduado em química e
com mestrado em física na
Unicamp, ganhou a vida dando aulas de física na Universidade Federal do Amazonas.
Ao se aposentar, criou (outra vez sozinho) um site para
reunir a família Bessa espalhada pelo mundo -ele mesmo já morava em Niterói.
A página virtual, que existe
há dez anos, é uma espécie de
precursora das redes como o
Orkut, onde os 376 familiares
cadastrados compartilham
informações, fotos e vídeos.
Sempre tranquilo, o professor ficou muito abalado no
ano passado quando a filha
Clélia descobriu um tumor.
Em seguida, ele soube que tinha a doença no pulmão.
No mesmo dia em que ela
operava o tumor, ele fazia a
primeira sessão de quimioterapia. Dizia à filha, quando ela
se preocupava: "Cuida do seu
câncer que eu cuido do meu".
Clélia curou-se. Heyrton
morreu aos 72 anos na última
quinta, em casa, cercado da
família. Deixou a mulher com
quem se casara há 48 anos,
três filhos e seis netos.
coluna.obituario@uol.com.br
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