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Cooperativas são acusadas de lavar dinheiro do PCC
Coopertab e Coopergente, de Taboão da Serra, foram alvo de operação policial
Dois vereadores da cidade são suspeitos de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas; eles negam a acusação
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil de São Paulo
realizou ontem uma operação
contra duas cooperativas de
transporte coletivo alternativo
de Taboão da Serra (Grande
SP). As empresas são investigadas sob a suspeita de usar dois
vereadores da cidade para lavar
parte do dinheiro obtido pela
facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) com o
tráfico de drogas.
De acordo com a polícia, parte do dinheiro arrecadado com
o tráfico de drogas em Paraisópolis, a segunda maior favela de
São Paulo, na zona sul, pelo
presidiário Francisco Antonio
Cesário da Silva, 32, o Piauí, é
investido na Coopertab (Cooperativa dos Motoristas Autônomos do Transporte Rodoviário de Taboão da Serra).
Piauí está preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP), onde o governo paulista tenta manter
isolados os chefes do PCC.
Da prisão, segundo a polícia,
Piauí ainda chefia o tráfico de
drogas em Paraisópolis e usa
José Valdevan de Jesus Santos,
conhecido como Valdevan Noventa, vereador de Taboão da
Serra pelo PV, para lavar o dinheiro do crime na Coopertab.
Santos é diretor financeiro
do Sindicato dos Motoristas e
Trabalhadores em Transporte
Rodoviário Urbano de São Paulo. Ele nega a relação com a facção criminosa e acredita que
seu nome foi envolvido na investigação policial porque ele
usa seu mandato político para
defender os donos de micro-ônibus cooperados.
A outra cooperativa em que a
polícia apreendeu documentos
e computadores ontem foi a
Coopergente, investigada sob a
suspeita de lavar dinheiro do
tráfico de drogas comandado
por Antonio Fernando Eloy,
43, o Nando, acusado de chefiar
o PCC em cidades do extremo
sul da região metropolitana.
Nando é irmão do vereador
José Luiz Eloi (PMDB), presidente da Câmara de Taboão da
Serra e suspeito de repassar o
dinheiro do crime para a Coopergente. "Isso não é verdade.
O que existe é uma perseguição
política porque sou contra as
mudanças no sistema de transporte coletivo de Taboão", disse o vereador Eloi, que também
defendeu seu irmão e disse ser
mentira a acusação de que ele é
traficante ligado ao PCC.
Juntas, Coopertab e Coopergente têm 115 micro-ônibus e
transportam cerca de 30 mil
pessoas por dia. Em Taboão, a
passagem no transporte alternativo custa R$ 2,30. Os dois
vereadores são suspeitos de
manter micro-ônibus nas cooperativas em nome de laranjas.
Amaro Martins de Oliveira
Neto, da diretoria da Coopergente, disse que a cooperativa
"apoia a ação da polícia porque
só assim será possível deixar
claro qual entidade é ou não ligada ao PCC".
Procurados, os diretores da
Coopertab não atenderam aos
pedidos de entrevista.
Antecipação
A operação de ontem nas
cooperativas deveria acontecer
somente mês que vem, mas a
polícia teve de antecipá-la, pois
afirma que descobriu que donos de micro-ônibus ligados às
duas preparavam protestos para fechar a rodovia Régis Bittencourt, que corta Taboão, e
também planejavam incendiar
ônibus das empresas que operam na cidade.
Segundo a polícia, os protestos comandados pelos dirigentes das cooperativas teriam o
objetivo de impedir que a Prefeitura de Taboão da Serra não
permitisse que pessoas jurídicas também explorem o transporte com micro-ônibus na cidade, como foi decidido semana passada pela Câmara local.
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