São Paulo, quarta-feira, 09 de setembro de 2009

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Cooperativas são acusadas de lavar dinheiro do PCC

Coopertab e Coopergente, de Taboão da Serra, foram alvo de operação policial

Dois vereadores da cidade são suspeitos de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas; eles negam a acusação

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de São Paulo realizou ontem uma operação contra duas cooperativas de transporte coletivo alternativo de Taboão da Serra (Grande SP). As empresas são investigadas sob a suspeita de usar dois vereadores da cidade para lavar parte do dinheiro obtido pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) com o tráfico de drogas.
De acordo com a polícia, parte do dinheiro arrecadado com o tráfico de drogas em Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo, na zona sul, pelo presidiário Francisco Antonio Cesário da Silva, 32, o Piauí, é investido na Coopertab (Cooperativa dos Motoristas Autônomos do Transporte Rodoviário de Taboão da Serra).
Piauí está preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP), onde o governo paulista tenta manter isolados os chefes do PCC.
Da prisão, segundo a polícia, Piauí ainda chefia o tráfico de drogas em Paraisópolis e usa José Valdevan de Jesus Santos, conhecido como Valdevan Noventa, vereador de Taboão da Serra pelo PV, para lavar o dinheiro do crime na Coopertab.
Santos é diretor financeiro do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo. Ele nega a relação com a facção criminosa e acredita que seu nome foi envolvido na investigação policial porque ele usa seu mandato político para defender os donos de micro-ônibus cooperados.
A outra cooperativa em que a polícia apreendeu documentos e computadores ontem foi a Coopergente, investigada sob a suspeita de lavar dinheiro do tráfico de drogas comandado por Antonio Fernando Eloy, 43, o Nando, acusado de chefiar o PCC em cidades do extremo sul da região metropolitana.
Nando é irmão do vereador José Luiz Eloi (PMDB), presidente da Câmara de Taboão da Serra e suspeito de repassar o dinheiro do crime para a Coopergente. "Isso não é verdade. O que existe é uma perseguição política porque sou contra as mudanças no sistema de transporte coletivo de Taboão", disse o vereador Eloi, que também defendeu seu irmão e disse ser mentira a acusação de que ele é traficante ligado ao PCC.
Juntas, Coopertab e Coopergente têm 115 micro-ônibus e transportam cerca de 30 mil pessoas por dia. Em Taboão, a passagem no transporte alternativo custa R$ 2,30. Os dois vereadores são suspeitos de manter micro-ônibus nas cooperativas em nome de laranjas.
Amaro Martins de Oliveira Neto, da diretoria da Coopergente, disse que a cooperativa "apoia a ação da polícia porque só assim será possível deixar claro qual entidade é ou não ligada ao PCC".
Procurados, os diretores da Coopertab não atenderam aos pedidos de entrevista.

Antecipação
A operação de ontem nas cooperativas deveria acontecer somente mês que vem, mas a polícia teve de antecipá-la, pois afirma que descobriu que donos de micro-ônibus ligados às duas preparavam protestos para fechar a rodovia Régis Bittencourt, que corta Taboão, e também planejavam incendiar ônibus das empresas que operam na cidade.
Segundo a polícia, os protestos comandados pelos dirigentes das cooperativas teriam o objetivo de impedir que a Prefeitura de Taboão da Serra não permitisse que pessoas jurídicas também explorem o transporte com micro-ônibus na cidade, como foi decidido semana passada pela Câmara local.


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