São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 2011

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Governo limita remédio para tratar câncer

Acesso a medicação mais cara é reduzido pelo Ministério da Saúde a pacientes com leucemia mieloide crônica

Unicamp recebeu lista do ministério vetando, nominalmente, 14 pacientes de continuar recebendo medicação


CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

O Ministério da Saúde está limitando o número de pacientes com leucemia mieloide crônica (um tipo de câncer no sangue) que terão direito a drogas mais caras para tratar a doença.
Na semana passada, o hemocentro da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) recebeu uma lista do ministério vetando, nominalmente, 14 pacientes de continuar recebendo a medicação.
"É uma 'lista de Schindler' às avessas. Sem esses medicamentos, esses pacientes morrem", diz Carmino de Souza, professor da Unicamp e presidente da ABHH (Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia).
A polêmica vem desde julho, quando passou a vigorar uma nova portaria do ministério que limitou em 15% a taxa de doentes com direito a receber drogas chamadas de segunda linha -única opção para aqueles que não respondem ao tratamento com as de primeira linha.
Os medicamentos de primeira linha são usados por pacientes no período inicial da leucemia. Com o tempo, é comum o organismo ficar resistente à droga.
A solução, então, é recorrer ao tratamento de segunda linha, que chega a custar, mensalmente, R$ 7.000 por paciente. O valor é mais que o dobro do custo do tratamento de primeira linha (mesilato de imatinibe).
O ministério diz que uma auditoria constatou que 10% dos pacientes com esse tipo de leucemia precisam de drogas de segunda linha.
Os hospitais dizem que o índice de pacientes com essas características varia de 20% a 35%. Na Unicamp, por exemplo, é de 27%. No Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) e na Santa Casa de São Paulo, de 19%.
Para Carlos Chiattone, hematologista da Santa Casa de SP, o que o ministério faz é "inaceitável". "Se há distorções, elas têm que ser corrigidas pontualmente."
Segundo Souza, apesar do veto, os serviços estão realocando recursos e mantendo os pacientes sob tratamento. O hemocentro da Unicamp diz que acumula um deficit mensal de R$ 750 mil. O do HC de Porto Alegre estima um rombo de R$ 120 mil.


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