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CONSUMO
LIMPEZA
Dos afetados por produtos como água sanitária , até 70% têm menos de 10 anos; desses, 80% possuem até 4
Clandestinos são 2ª causa de intoxicação
EUNICE NUNES
ESPECIAL PARA A FOLHA
A água sanitária clandestina
-fabricada em fundos de quintal
e vendida a granel de porta em
porta ou em pequenos comércios- é uma das maiores causadoras de intoxicações e acidentes
domésticos no Brasil. Cerca de 1
milhão de pessoas por ano são vítimas dos efeitos do produto.
Medicamentos são a principal
fonte de intoxicação doméstica. A
seguir vêm os produtos de limpeza clandestinos, especialmente
água sanitária. As maiores vítimas
são crianças: 60% a 70% dos intoxicados têm menos de 10 anos;
desses, 80% têm menos de 4.
"Os danos são gravíssimos e
muitas vezes deixam sequelas
permanentes", diz o pediatra Anthony Wong, coordenador do
Centro de Atendimento Toxicológico (Ceatox) do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
A Fundação Procon de São Paulo (Procon/SP) e o HC elaboraram um informativo para orientar a população, como parte do
acordo de cooperação técnica entre as entidades.
Produtos de limpeza clandestinos causam mais danos porque
são guardados em embalagens
inadequadas e não têm rótulo, dados sobre composição ou instrução sobre modo de usar. A venda
é feita sem nota fiscal. Se houver
problemas no manuseio, não há a
quem nem de quem reclamar.
"Muitos condomínios só usam
esse tipo de produto. Mas são
mercadorias que põem em risco a
saúde do consumidor, de seus familiares e dos funcionários da casa ou do condomínio. O barato
pode sair muito caro", diz Vera
Marta Junqueira, diretora de estudos e pesquisas do Procon/SP.
Segundo Wong, os produtores
clandestinos, muitas vezes, usam
ingredientes não autorizados na
composição. Ele diz ter achado
até mercúrio em águas sanitárias.
As clandestinas costumam ter
altos teores de soda cáustica. "São,
em regra, mais potentes, mais tóxicas e, portanto, mais lesivas do
que as encontradas à venda nos
supermercados", afirma Wong.
Ele diz que a ingestão de um líquido cáustico causa sérias queimaduras internas, das quais a vítima pode nunca mais se recuperar.
Entre as sequelas, ele cita dificuldade para engolir, problemas pulmonares e maior possibilidade de
desenvolver câncer no esôfago.
Por isso, a água sanitária clandestina não deve ser usada para
desinfetar frutas e verduras nem
para esterilizar água.
A diretora do Procon/SP diz
que, com o Código de Defesa do
Consumidor, sem os dados exigidos no rótulo dos produtos e serviços, eles passam a ser defeituosos e não devem ser adquiridos.
O rótulo deve ter prazo de validade, registro no Ministério da
Saúde, nome do responsável técnico e número de inscrição no órgão de fiscalização profissional,
dados do fabricante, composição,
ingrediente ativo, modo de usar,
forma de conservação e armazenamento, precauções, aviso para
não reutilizar a embalagem, classe
toxicológica (se houver), o que fazer em caso de acidente e telefone
de um centro de toxicologia.
Segundo o Procon/SP, a embalagem da água sanitária não deve
ser porosa, para evitar alterações
de cor, emissão de odores e vazamento do produto, nem transparente. A tampa deve ser segura.
O frasco deve ser mantido longe
do alcance das crianças, especialmente se estiverem acondicionados em embalagens de bebidas.
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