DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze, classificou a campanha da Prefeitura de Nova Iguaçu como "vergonhosa" e "irresponsável".
Para Darze, o governo deveria investir em saneamento básico na região e fazer a coleta diária do lixo porque, segundo ele, o esgoto não tratado e a sujeira são as principais causas da proliferação dos ratos. "Não vai adiantar usar raticida e pagar à população, se ela todos dias é obrigada a conviver com valas negras e lixo."
Para ele, a prefeitura está induzindo a população a "brincar com fogo" porque, devido à carência da região, muitos passarão a criar ratos dentro de casa para conseguir o dinheiro. "Não tenho dúvidas de que as pessoas vão criar ratos para sobreviver. Conheço gente que junta lixo para poder comprar comida", afirmou Darze.
Elisabete Aparecida da Silva, médica veterinária da Divisão de Roedores do Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo, também condena a iniciativa. Ela diz que as pessoas correrão o risco de contrair leptospirose. "Se a população vai ter contato com o rato também poderá ter contato com a urina do animal."
Na opinião do médico sanitarista e ex-secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro Sérgio Arouca, qualquer campanha que tenha como objetivos diminuir a incidência de ratos e combater a leptospirose é válida. Mas ele não acredita que a prefeitura manterá a campanha a longo prazo. "Assim que houver uma diminuição significativa do número de ratos, o pagamento deve ser suspenso."
Arouca lembrou que a idéia de remunerar a população pelos ratos capturados foi implantada no início do século 20 pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz, então direitor-geral de Saúde Pública (cargo que corresponde hoje ao de ministro). Cruz lutava contra a peste bubônica e queria recolher as pulgas dos ratos para ajudar na fabricação de um soro.


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