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São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2003

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COMPORTAMENTO

Clube da Cabocla vai reunir apenas apreciadoras da bebida e será inaugurada na quarta-feira na cidade

Mulheres criam confraria da cachaça em Campinas

DA FOLHA CAMPINAS

"Todas trabalham, têm maridos, filhos e adoram cachaça. Umas gostam de degustar vinho, outras uísque. Nós gostamos de cachaça". É assim que uma das criadoras do Clube da Cabocla, Márcia Regina de Brito, 27, define o primeiro grupo de mulheres a formar uma confraria da cachaça em Campinas (99 km de SP).
"A cachaça é uma bebida muito versátil. Além das mulheres começarem a apreciar a bebida, é preciso um direcionamento das produções para esse público, que acaba elitizando a cultura da bebida", disse a produtora de cachaça e fundadora da Associação Brasileira das Mulheres da Cachaça, do Estado de Minas Gerais, Maria Aparecida Zurlo, 55.
Para a designer e empresária Karin Ulson Ribeiro, 31, apesar de o paladar feminino se afinar mais com cachaças mais suaves, há muitas mulheres que superam os homens em gosto por bebida de sabor mais encorpado. "Apesar de haver diferenças de perfil entre os apreciadores e as apreciadoras da cachaça, hoje, não há mais discriminação. Esse espaço já foi ocupado pelas mulheres há tempos. O ofício da produção da cachaça, no final do século 17, era da mulher", afirmou Ribeiro.
O gosto pela cachaça reuniu em Campinas apreciadores e produtores da bebida que realizam na próxima quarta-feira a 1ª Mostra Regional da Cachaça, quando será criado o Clube da Cabocla.
A cachaça brasileira é a terceira bebida destilada mais consumida no mundo, atrás apenas da vodca e do soju asiático. Em 2002, foram produzidos 1,3 bilhão de litros -14,8 milhões para exportação.
A bebida, que até pouco tempo agradava prioritariamente os homens, começa a cair no gosto feminino e seu consumo ganha requinte e perfil elitista.
Embalado por essa onda, o grupo decidiu realizar em Campinas a mostra, que tem por objetivo, além de difundir a produção da cachaça artesanal, ganhar mais adeptos a um clube que quer deixar de ser seleto para ser maioria.
A cachaça artesanal é feita sem produtos que aceleram a fermentação da garapa, sem a queima da cana e sem a adição de açúcares.
A cachaça artesanal tem aromas, buquês e características finas de bebidas clássicas. Uma garrafa custa em média R$ 13.
A mostra será aberta na quarta, mas fica até sábado no Empório São Joaquim, em Sousas. Já o Clube da Cabocla e o Clube da Cachaça do Empório São Joaquim -de homens- serão permanentes.
Em ambos os clubes, os apreciadores terão carteiras de fidelização, o que dará o direito de adquirir garrafas de cachaças preferidas com descontos e que serão nominadas dentro do bar para serem consumidas pelos respectivos associados. "Beber pinga é diferente de apreciar uma boa cachaça", disse Márcia Regina de Brito, 27.
"A única exigência é que a pessoa entenda que a cachaça é uma bebida para ser apreciada como uma bebida tradicional", explicou o proprietário do bar e pai da idéia, Wendel Alves da Silva, 29.


O que: 1ª Mostra Regional da Cachaça
Quando: 12 de novembro
Onde: Empório São Joaquim, r. Manoel Herculano Coelho da Silva, 225, Distrito Joaquim Egídio, Campinas. Tel.: 0/xx/ 19/3388-6566




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