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São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2003

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"Industrial socialista" deu nome de filha a comunidade

DA REPORTAGEM LOCAL

Ele foi chamado de "industrial socialista" por seus pares. Fundou e dirigiu as entidades empresariais que desembocariam na Fiesp. Fez parte do gabinete trabalhista de Getúlio Vargas e foi elogiado por Rui Barbosa. E figura na cronologia do movimento operário do site do Partido Comunista do Brasil.
Em qualquer lista das personalidades mais improváveis do Brasil do século 20, o industrial Jorge Street (1863-1939) tem de figurar entre os primeiros. É ele o criador da Vila Maria Zélia, que batizou com o nome de uma filha morta aos 16 e que entraria para a história como um tubo de ensaio do que seria depois a primeira legislação trabalhista moderna do Brasil.
"Era um capitalista, mas cristalizava um capitalismo mais desenvolvido, talvez pela vivência na Alemanha quando apareceram as primeiras leis trabalhistas e os partidos socialistas", diz Palmira Petratti Teixeira, professora de história da Unesp e autora de "A Fábrica do Sonho - Trajetória do Industrial Jorge Street" (Paz e Terra, 1990).
Em 1912, começou a construção da Companhia Nacional de Juta e de sua vila operária, a Maria Zélia. Dois anos depois, negociou o final de uma greve de 2.000 operários com um acordo vantajoso para os trabalhadores.
Na vila, foi pioneiro na adoção de medidas impensáveis então, como criação de creches e escolas, igreja, restaurantes e serviço de assistência médica.
Ao mesmo tempo, publicava artigos em que, além de defender a indústria nacional e o protecionismo alfandegário, pregava a adoção de férias remuneradas, licença para gestantes e contrato coletivo de trabalho.
Em 1931, foi para o recém-criado Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio de Getúlio Vargas. Até então, questões trabalhistas eram da alçada do Ministério da Agricultura.



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