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São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2003

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Arquiteto volta ao "passado" em visita a conjuntos

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos anos 50 e 60, o professor Nestor usava um artifício engenhoso para conhecer melhor São Paulo. A pretexto de mostrar a cidade a sua sogra, que era de fora, ele elegia um bairro por fim de semana e o destrinchava.
O professor se tornou um dos principais acadêmicos a compreender a história urbana de São Paulo. Hoje, aos 72 anos, além de sociólogo e arquiteto, Nestor Goulart Reis Filho é um dos luminares da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Autor de "São Paulo e Outras Cidades" e "Evolução Urbana do Brasil", entre outros, ele fez uma visita comentada a três vilas operárias da cidade, a pedido da Revista da Folha.
"Comecemos pela Vila Economizadora, de história curiosa", diz. Diferentemente da maioria das outras vilas, esta não nasceu a reboque de uma fábrica, para abrigar seus funcionários. Foi idéia de um grupo de amigos investidores, que viram no aluguel de casas para operários uma boa oportunidade de ganhar dinheiro.
Com a soma recolhida criariam um fundo de pensão privada, a tal Sociedade Mútua Economizadora Paulista, cujo dirigente, o médico e escritor Cláudio de Souza, batizou as ruas com os nomes dos sócios.
O próximo destino é a Vila dos Ingleses, no mesmo bairro da região central, mas do outro lado do trilho da estrada de ferro que desemboca na estação da Luz. "Isso aqui é uma exceção, um filé mignon", afirma. A explicação: o público-alvo da construção eram os engenheiros ingleses, que tinham vindo ao Brasil para construir a estação da Luz e a estrada de ferro Santos-Jundiaí.
Hoje uma vila comercial, é a mais bem conservada.
O ponto final é a Vila Maria Zélia, no Belenzinho, zona leste. O professor observa com tristeza o estado semidemolido dos edifícios. "Os três são endereços importantes da história da cidade, fáceis de serem visitados, sobretudo pelos jovens", diz.



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