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Bicicletário do Horto fica espremido entre ônibus e ambulante
Freqüentadores reclamam ainda de sujeira e consumo de
drogas em arboreto na região do parque do Horto Florestal
Arboreto da Vila Amália é o
único local com ciclovia; no
Horto, onde bike é proibida, o
bicicletário foi transferido
para o lado de fora há um mês
JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Enquanto ciclovias e bicicletários são construídos em São
Paulo em uma tentativa de incentivar o uso das bicicletas, na
zona norte, o parque estadual
Albert Löefgren, o Horto Florestal, parece ir na contramão.
Desde o mês passado, o pequeno bicicletário antes localizado dentro do parque, próximo à portaria principal, na rua
do Horto, foi transferido para o
lado de fora -em uma calçada.
Usuários que chegam com
suas bicicletas disputam um lugar com os banquinhos de uma
Kombi que vende lanches. Para
chegar ao bicicletário, é necessário passar pelo vão deixado
entre o ambulante e os ônibus
estacionados, pois lá também
fica o ponto final da linha que
vai até a Casa Verde.
"Não há comentários para o
que fizeram. É capaz de vir alguém e ainda pedir dinheiro
para "guardar" as bicicletas",
ironiza Antonio Luis Guilherme, 38. A prática já é bem conhecida pelos motoristas de
automóveis que tentam uma
vaga para estacionar perto de
uma das entradas do parque.
"Os ônibus estão certos. As
bicicletas é que estão no lugar
errado e ficaram encobertas.
Uma hora elas vão começar a
sumir", afirma Rubens Gomes
Miranda, 43, freqüentador do
Horto Florestal há 12 anos. No
entanto, com a justificativa de
que furtos já aconteciam do lado de dentro, alguns usuários
dizem não se incomodar com a
mudança, como Gabriel Camilo, 22. "Para mim não faz diferença. Soube que levaram o
banco de uma [bicicleta] outro
dia, quando [o bicicletário] ainda era lá dentro", diz.
Como tantos outros, Antonio, Rubens e Gabriel usam
suas bicicletas apenas como
meio de transporte até o Horto
Florestal, já que é proibido pedalar lá dentro. Como alternativa para os ciclistas, uma ciclovia foi criada em 1998 em uma
área de 40 hectares dentro do
arboreto da Vila Amália.
Criado em 1925 para desenvolver pesquisas de silvicultura, o arboreto se estende por
uma área equivalente a 40 campos de futebol. No entanto, no
lugar de ciclistas, o que se vê
são usuários de drogas.
"O patrulhamento é de uma
empresa privada, e não é suficiente. De três em três horas
passa um guarda numa moto e
não faz nada", conta um morador da região que preferiu não
se identificar.
Segundo ele, é no meio do
parque, onde fica a bica d'água,
que o tráfico e o consumo de
drogas acontecem à luz do dia
sem nenhuma interferência.
Intimidados, freqüentadores
como a professora Rosângela
Arreguy, 53, costumam correr
ou fazer caminhadas no percurso de um quilômetro que
beira a av. Parada Pinto, mas
não vão ao resto do arboreto.
"Os "nóias" [viciados em drogas] roubam bolsas, relógios e
bicicletas, principalmente das
mulheres. Depois das 15h é impossível andar por aqui", diz o
funcionário público André Batista da Silva, 40.
Sentado em um tronco, ele
parecia estar no lugar ideal para fugir do sol forte. No entanto, em vez de apreciar a paisagem, André tentava usar um galho para cobrir com folhas os
restos de comida e fezes no local, apelidado de "banheiro".
Papel higiênico no chão e uma
cueca suja pendurada em um
galho completavam o cenário.
Do lado oposto, a cerca de
cinco metros, o cheiro era outro. "Ali é o depósito de carniça", apontou André para onde
estavam sacos de lixo e pedaços
de móveis e tijolos. O local é
usado por moradores da região
como depósito de entulho e de
animais mortos. O terreno não
pertence ao Horto Florestal.
Entretanto, não há muro ou
cerca o separando.
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