São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2008

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Bicicletário do Horto fica espremido entre ônibus e ambulante

Freqüentadores reclamam ainda de sujeira e consumo de drogas em arboreto na região do parque do Horto Florestal

Arboreto da Vila Amália é o único local com ciclovia; no Horto, onde bike é proibida, o bicicletário foi transferido para o lado de fora há um mês

JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto ciclovias e bicicletários são construídos em São Paulo em uma tentativa de incentivar o uso das bicicletas, na zona norte, o parque estadual Albert Löefgren, o Horto Florestal, parece ir na contramão.
Desde o mês passado, o pequeno bicicletário antes localizado dentro do parque, próximo à portaria principal, na rua do Horto, foi transferido para o lado de fora -em uma calçada.
Usuários que chegam com suas bicicletas disputam um lugar com os banquinhos de uma Kombi que vende lanches. Para chegar ao bicicletário, é necessário passar pelo vão deixado entre o ambulante e os ônibus estacionados, pois lá também fica o ponto final da linha que vai até a Casa Verde.
"Não há comentários para o que fizeram. É capaz de vir alguém e ainda pedir dinheiro para "guardar" as bicicletas", ironiza Antonio Luis Guilherme, 38. A prática já é bem conhecida pelos motoristas de automóveis que tentam uma vaga para estacionar perto de uma das entradas do parque.
"Os ônibus estão certos. As bicicletas é que estão no lugar errado e ficaram encobertas. Uma hora elas vão começar a sumir", afirma Rubens Gomes Miranda, 43, freqüentador do Horto Florestal há 12 anos. No entanto, com a justificativa de que furtos já aconteciam do lado de dentro, alguns usuários dizem não se incomodar com a mudança, como Gabriel Camilo, 22. "Para mim não faz diferença. Soube que levaram o banco de uma [bicicleta] outro dia, quando [o bicicletário] ainda era lá dentro", diz.
Como tantos outros, Antonio, Rubens e Gabriel usam suas bicicletas apenas como meio de transporte até o Horto Florestal, já que é proibido pedalar lá dentro. Como alternativa para os ciclistas, uma ciclovia foi criada em 1998 em uma área de 40 hectares dentro do arboreto da Vila Amália.
Criado em 1925 para desenvolver pesquisas de silvicultura, o arboreto se estende por uma área equivalente a 40 campos de futebol. No entanto, no lugar de ciclistas, o que se vê são usuários de drogas.
"O patrulhamento é de uma empresa privada, e não é suficiente. De três em três horas passa um guarda numa moto e não faz nada", conta um morador da região que preferiu não se identificar.
Segundo ele, é no meio do parque, onde fica a bica d'água, que o tráfico e o consumo de drogas acontecem à luz do dia sem nenhuma interferência.
Intimidados, freqüentadores como a professora Rosângela Arreguy, 53, costumam correr ou fazer caminhadas no percurso de um quilômetro que beira a av. Parada Pinto, mas não vão ao resto do arboreto.
"Os "nóias" [viciados em drogas] roubam bolsas, relógios e bicicletas, principalmente das mulheres. Depois das 15h é impossível andar por aqui", diz o funcionário público André Batista da Silva, 40.
Sentado em um tronco, ele parecia estar no lugar ideal para fugir do sol forte. No entanto, em vez de apreciar a paisagem, André tentava usar um galho para cobrir com folhas os restos de comida e fezes no local, apelidado de "banheiro". Papel higiênico no chão e uma cueca suja pendurada em um galho completavam o cenário.
Do lado oposto, a cerca de cinco metros, o cheiro era outro. "Ali é o depósito de carniça", apontou André para onde estavam sacos de lixo e pedaços de móveis e tijolos. O local é usado por moradores da região como depósito de entulho e de animais mortos. O terreno não pertence ao Horto Florestal. Entretanto, não há muro ou cerca o separando.


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