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Cintra diz que não loteará cargos para o PR
Indicado pelo partido para secretário do Trabalho de Kassab, economista afirma que fará gestão técnica à frente da pasta
Um dos planos de Cintra será ajudar, via Secretaria do Trabalho, com planos de desenvolvimento econômico para a cidade
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Vereador eleito pelo PR, o
economista Marcos Cintra, 63,
diz que não vai lotear os cargos
entre colegas de sigla, a despeito de sua indicação para a Secretaria do Trabalho da gestão
Gilberto Kassab (DEM) em São
Paulo ter caráter "partidário".
É a primeira vez que o PR ganha uma pasta na gestão Kassab. Nos últimos anos, o partido apoiou o Executivo em boa
parte das votações, mas integrado ao "centrão" -grupo de
vereadores que se une sem
qualquer lógica partidária a fim
de aumentar o seu poder de
pressão junto ao prefeito. Sua
nomeação, porém, não deve
desmobilizar o grupo, diz.
Cintra, titular das pastas de
Finanças de São Bernardo do
Campo, em 2003, na gestão de
William Dib (PSB), e de Planejamento de São Paulo, em 1993,
na gestão Paulo Maluf (PP), é
vice-presidente da FGV (Fundação Getulio Vargas). A seguir,
a entrevista dele à Folha:
FOLHA - O que representa esse
convite do prefeito?
MARCOS CINTRA - É um convite
partidário. O PR está com ele
na Câmara, tanto que a indicação do meu nome teve apoio do
partido, não foi pessoal, teve
componente político. Acho que
vai ser um desafio interessante,
ainda mais agora, num momento de crise econômica.
FOLHA - Com o PR ocupando uma
pasta da prefeitura, o "centrão" fica
agora enfraquecido?
CINTRA - O "centrão" é uma
frente de vários partidos, não é
um grupo que atende a necessidades de um ou de outro partido, portanto não há razão para
a sua desmobilização. Não conheço bem o funcionamento
do "centrão", mas ele não pode
se pautar pelos interesses de
um partido. O PR vem apoiando a política desta gestão, não
faz parte do grupo de oposição.
FOLHA - Por ser um convite partidário, o sr. se sente obrigado a levar
pessoas do PR para a secretaria?
CINTRA - De maneira alguma.
Eu sempre coloquei que é uma
deferência ao partido que está
com o prefeito, que deixou claro: no momento em que você
ganha uma eleição junto, você
governa junto. Não é loteamento de cargo, não é apadrinhamento. Aliás, o meu perfil, graças a Deus, sempre foi muito
técnico. Vou levar pessoas que
eu acho que têm uma colaboração efetiva a dar à atividade que
nós vamos desenvolver. Eu gostaria, inclusive, de levar um
pouco para a Secretaria do Trabalho o componente de desenvolvimento econômico, porque
estamos falando de geração de
emprego, de renda. Mencionei
isso com o prefeito.
FOLHA - Isso não se chocaria com a
função de outras secretarias, como
as de Finanças e Planejamento?
CINTRA - Não é questão de choque. É complementar. As atribuições formais já estão delegadas. A área econômica, de incentivos fiscais, é de Finanças,
a parte de zoneamento é da Secretaria de Planejamento, mas
o que a gente eventualmente
poderia fazer é um trabalho
multissecretarial, de consultas,
de propostas e sugestões. Não
há como evitar essa imbricação
entre o emprego e a economia.
FOLHA - O sr. já tem um plano especial para isso?
CINTRA - São idéias preliminares. Quero ter uma boa conversa com o atual secretário para
ter uma definição mais clara.
Agora, considero isso uma missão técnica, que tem uma importância estratégica muito
grande no atual quadro da economia brasileira. Acho que o
prefeito, ao convidar uma pessoa com o meu perfil, denota
que não tenta lidar com um
problema político. Nós queremos é criar alguma coisa que
busque mudança estrutural na
economia da cidade. Tenho falado muito sobre questões de
trânsito, de custo de operação
das atividades econômicas na
cidade, sobre o "custo São Paulo", que é um componente importante no "custo Brasil".
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