São Paulo, segunda, 9 de novembro de 1998

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Rede salva alimento do lixo e entrega a carentes

da Redação

Todos os dias, uma rede informal de solidariedade espalhada pelo Brasil salva comida destinada ao lixo e leva para instituições que atendem pessoas carentes.
Os números são modestos em relação ao tamanho do desperdício, mas revelam que com um pouco de organização e boa vontade é possível reduzir a fome.
O projeto Mesa São Paulo, criado e mantido pelo Sesc (Serviço Social do Comércio) de São Paulo, consegue resgatar cerca de 2 toneladas de alimentos diariamente.
O princípio é simples: O Sesc vai buscar comida aonde sobra e leva a lugares em que falta. A entidade retira todos os dias alimentos perecíveis não consumidos em restaurantes, supermercados e outras empresas, que iriam para o lixo, e leva para instituições.
O hortifrutigranjeiro Carlos Antonio Pinto, por exemplo, sempre telefona ao Sesc quando uma quantidade razoável de legumes e frutas não é vendida. "Quando esses alimentos ficam com aparência "feia', o consumidor não compra mais, ainda que estejam em condições de consumo", diz.
Além de encaminhar os alimentos para entidades cadastradas, o Sesc ensina funcionários das entidades a aproveitarem ao máximo os produtos."Nutricionistas ensinam receitas para utilizar todos os alimentos, inclusive cascas de frutas como o abacaxi", diz Hanneman Nobre Vieira, do setor de relações institucionais do SESC.
O grande problema é que há poucos doadores (47) e muitos interessados cadastrados (110). A entidade está auxiliando organizações de outros Estados a montarem trabalhos semelhantes.
O projeto Nutrisopa, no Ceagesp, em São Paulo, salva comida que iria para o lixo produzindo 250 latas de sopa por dia. O projeto é financiado pelos institutos Ayrton Senna e Abraasso/Credicard. Cada lata rende 22 pratos de sopa que beneficiam 13 mil crianças.
"Estamos negociando para começar a produzir doces e massas e atender mais gente", afirma o presidente do Sincaesp (Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento do Estado de São Paulo), Claudio Ambrosio.
Apesar disso, o desperdício de alimentos no Ceagesp ainda é grande. Das 100 toneladas de lixo produzidas por dia, 5%, ou 5 toneladas, são alimentos que poderiam ser reaproveitados tranquilamente, segundo Ambrosio.
(ROGÉRIO GENTILE E ARIEL KOSTMAN)



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