São Paulo, Quinta-feira, 09 de Dezembro de 1999


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O caos na política de Guarulhos

Junho de 98 - Néfi Tales, à época prefeito de Guarulhos, rompe relações políticas com seu vice, Jovino Cândido (PV). Tales acusa Cândido de tramar para derrubá-lo do cargo

16 de setembro de 98 - Néfi Tales é afastado do cargo pela Justiça, acusado de improbidade administrativa, enriquecimento ilícito e irregularidades no repasse de verbas para a Câmara. Cândido assume o cargo

23 de dezembro de 98 - a Câmara Municipal de Guarulhos cassou o mandato de Tales por 16 votos a 5. O argumento para a cassação foi que Tales não repassou verbas previstas para a Câmara

1º de julho de 99 - Presidente da Associação Comercial de Guarulhos divulga fita com conversas entre o prefeito Jovino Cândido (PV) e o deputado estadual Elói Pietá (PT). Na fita, Cândido acusa 19 vereadores de exigir dinheiro e cargos para aprovar projetos do prefeito na Câmara Municipal

8 de julho de 99 - Elói Pietá formaliza acusação no Ministério Público contra 13 dos 19 vereadores citados na fita de Cândido

10 de julho de 99 - o vereador Toninho Magalhães (PMDB) é encontrado morto com um tiro na cabeça na periferia de Guarulhos. Inquérito policial concluiu que houve suicídio

12 de julho de 99 - o prefeito Jovino Cândido denuncia um suposto plano para assassiná-lo. Desde então, ele anda protegido por homens da Secretaria da Segurança Pública

26 de julho de 99 - Elói Pietá formaliza outra acusação, contra o vereador Paulo Roberto Cecchinato, por suspeita de enriquecimento ilícito

29 de agosto de 99 - Polícia Civil e Ministério Público fazem blitz em gabinetes, casas de vereadores denunciados e empresas acusadas de pagar propina, em busca de documentos e provas de corrupção

Outubro de 99 - a Câmara de Guarulhos cria duas comissões processantes para analisar a cassação do mandato de Cândido. Os trabalhos da comissão devem acabar até o fim do mês

7 de dezembro de 99 - Os vereadores Oswaldo Celeste (PTB), Waldomiro Ramos (PTB) e Fausto Martello (PPB), são presos durante sessão na Câmara, acusados de concussão e corrupção passiva. Outro vereador, Wanderley Figueiredo (PL), tem a prisão decretada, mas consegue fugir

Os vereadores investigados

Geraldo Celestino (PFL) - investigado pelo Ministério Público
Foi presidente da comissão processante que investigava denúncias de enriquecimento ilícito do prefeito Néfi Tales. Em fita gravada, pediu de R$ 70 mil a R$ 100 mil para a comissão agilizar os serviços. Também é suspeito de pedir R$ 25 mil mensais para apoiar o prefeito

Roberto Antônio Ribeiro (PMDB) - investigado pelo Ministério Público
Era membro da comissão processante. É suspeito de exigir R$ 100 mil para agilizar os trabalhos, mais R$ 25 mil para apoiar o prefeito na Câmara
Obreiro Jackson (PST) - investigado pelo Ministério Público
Era relator da comissão. É suspeito de pedir R$ 150 mil para trabalhar pela cassação do mandato do prefeito e solicitado de R$ 20 mil a R$ 45 mil para votar projetos de interesse do Executivo

Gilberto Penido (PPB) - investigado pelo Ministério Público
Era membro de outra comissão processante contra o prefeito. É suspeito de exigir R$ 20 mil mensais, o comando de uma secretaria e cargos na prefeitura
Toninho Magalhães (PMDB) - cometeu suicídio em julho de 99
Era membro de outra comissão. Estava sendo investigado sob acusação de exigir R$ 25 mil mensais, mais uma secretaria e cargos na prefeitura para apoiar o vice-prefeito Jovino Cândido

Waldomiro Ramos (PTB) - está preso
Também fazia parte de comissão na Câmara. Teria exigido R$ 100 mil para agilizar os trabalhos e influenciar as outras comissões. Também é suspeito de pedir R$ 200 mil para aprovar Orçamento de forma desejada pela prefeitura. Pedia R$ 50 mil para apoiar Cândido

Paulo Roberto Cecchinatto (PDT) - investigado pelo Ministério Público
É citado sob acusação de exigir R$ 200 mil para aprovação do Orçamento conforme os interesses do Executivo, além do comando do Saee (Serviço Autônomo de Águas e Esgotos), onde ganharia cerca de R$ 300 mil mensais

Wanderley Figueiredo (PL) - está foragido
É suspeito de exigir R$ 80 mil por mês e o comando da empresa de economia mista do município, a Proguaru, para apoiar o prefeito
Silvana Mesquita (PT do B) - investigada pelo Ministério Público
É suspeita de exigir R$ 35 mil mensais, depois reduzido para R$ 15 mil, mais a Secretaria do Bem-Estar Social e cargos para sua livre nomeação, em troca de apoio ao prefeito

Oswaldo Celeste (PPB) - está preso
Acusado de exigir R$ 40 mil mensais para apoiar o prefeito. Ainda teria pedido a Secretaria da Administração para ser ocupada por seu pai

Sebastião Bispo Alemão (PSDB) - investigado pelo Ministério Público
É suspeito de exigir 55 mil mensais, reduzido posteriormente, mais uma secretaria para o ex-vereador Carlos Roberto de Campos, para apoiar o prefeito Cândido

Peter Pong (PSD) - investigado pelo Ministério Público
Em troca de apoio na Câmara, teria exigido R$ 15 mil a R$ 25 mil mensais mais o comando da Secretaria da Saúde com livre indicação de cargos, ou que seu filho voltasse a ser secretário-adjunto de Saúde com direito à indicação de ocupantes de cargos

Fausto Martello (PPB) - está preso
Teria ameaçado a secretária das Finanças da prefeitura para receber os R$ 27 milhões que algumas empresas teriam de crédito na prefeitura

Vereadores acusados pelo prefeito, mas ainda não investigados

Victor Poli Veronezi (PFL)
Alexandre Kise (PL)
Sandra Tadeu (PMDB)
Paulo Cesar Cardoso Carvalho (PMDB)
Eduardo Soltur (PL)*
Edson Alves David (PMDB)

Vereadores sem denúncias
Orlando Fantazzini Neto (PT)
Antônio Albertão (PT)
*Foi eleito deputado estadual no ano passado e deixou a Câmara

Fonte: Polícia Civil e Ministério Público de Guarulhos


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